História de várias versões: Tiago Cardoso e a saga no Santa Cruz
A saída conturbada de Tiago Cardoso do Santa, em 2016, e fase sem grandes oportunidades repercutem e colocam em dúvida uma possível chegada do goleiro aos aposentos do Arruda
Uma história vitoriosa amargada por divergências com a diretoria e com a torcida. Essa pode ser a definição da relação do goleiro Tiago Cardoso com o Santa Cruz, mas não a única. Isso porque o arqueiro, que defendeu o Tricolor por seis temporadas (2011, 2012, 2013, 2014, 2015 e 2016), acumula um currículo vitorioso no Arruda. Foram cinco títulos pernambucanos, três acessos e dois títulos inéditos (Série C e Copa do Nordeste). Caso o seu retorno seja sacramentado, ele terá a chande de afastar de vez os fantasmas que ainda repercutem do passado.
A possibilidade, no entanto, pode esbarrar justamente na resistência do atleta, parte da torcida e da própria diretoria. A queda de rendimento do ex-goleiro coral, em 2016, ano em se despediu do clube, foi motivo suficiente para saltar de ídolo a mais um atleta que enfrentou problemas internos no Santa Cruz. Designação diminutiva e, de certa forma, injusta se considerarmos as circunstâncias que levaram Cardoso a deixar o Santa e, logo em seguida, pegar carona no rival Náutico. No Timbu, ele disputou 32 jogos, mas saiu em 2017, alegando motivos pessoais, sem deixar grande saudade nos alvirrubros.
Leia também:
Tiago Cardoso cobra pagamento de acordo com o Santa na Justiça
Dirigente explica saída de Tiago Cardoso
Tiago Cardoso deixa o Náutico alegando motivos pessoais
A debandada do arqueiro do time Tricolor teve razão de ordem clara e detalhada: salários atrasados. Também em 2016, com o rebaixamento do Santa à Série B do Brasileiro e já sob uma relação desgastada com o clube, Tiago decidiu que não defenderia mais as três cores na temporada seguinte. Por isso, antes de deixar o elenco, fez um acordo com a diretoria - que, na época, tinha Alírio Moraes como mandatário - para o pagamento dos salários atrasados referentes ao ano de 2016. Na época, o valor cobrado pelo goleiro era de R$ 750 mil, mais juros e multa diária, além da quitação do FGTS. Teoricamente, as dívidas seriam parceladas, mas Cardoso alegou que o acordo não foi cumprido e acionou o Santa na Justiça.
Com participação efetiva na chamada ‘reconstrução do Santa Cruz’, tratada popularmente pela torcida como ‘O Gigante Acordou’, principalmente com o acesso histórico da Série D para a C, em 2011, a gloriosa história de Cardoso com o Santa não poderia ser apagada em apenas um ano.
Em enquete realizada pela Folha de Pernambuco nas redes sociais, 64% dos torcedores aprovaram uma possível chegada do goleiro aos aposentos do Arruda. Enquanto que apenas 36% reprovaram o desembarque de Tiago no Recife. Apoio das arquibancadas, portanto, não deve faltar caso o arqueiro, de fato, tenha sua volta ao Santa Cruz confirmada. O presidente do clube, Constantino Júnior, disse que a forma como o goleiro deixou o Santa em 2016 não seria motivo de objeção por parte da diretoria, ao mesmo tempo em que a atual fase de Cardoso foi questionada pelo dirigente coral.
“Tiago tem uma história muito bonita com o clube. Mas falar disso sem treinador é especulação. Ele é um cara que tem portas abertas no clube por toda história que ele construiu. Não teria dificuldade pelo o que se passou, não teria nenhuma objeção por isso. Mas sobre o lado técnico: será que é o momento dele? Nessa parte entra o treinador e o executivo de futebol”, disse.

