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Joanna Maranhão anuncia aposentadoria da natação

Pernambucana Joanna Maranhão, de 31 anos, anunciou a decisão nesta sexta (27), com publicação em rede social

Joanna Maranhão anunciou sua aposentadoria da natação Joanna Maranhão anunciou sua aposentadoria da natação  - Foto: Satiro Sodré/SS Press/CBDA

Após 17 anos de braçadas, vitórias, momentos sofridos e, sobretudo, muito aprendizado, a pernambucana Joanna Maranhão anunciou a aposentaria da natação competitiva. Nesta temporada, ela não chegou a disputar campeonatos. No primeiro semestre, se dedicou a participação no programa Dancing Brasil. Depois, a projetos familiares e sociais. Aos 31 anos, Joanna pendura a touca e o maiô ostentando o fato de ter sido uma das atletas mais versáteis da natação feminina nacional, tendo justamente como principal prova os 400 metros quatro estilos. É também a maior nadadora olímpica do País, a única com quatro edições disputadas 

Há algumas temporadas, ela chegou a anunciar o fim da carreira, mas retornou meses depois em melhor forma, baixando marcas, quebrando recordes e apresentando físico impecável para o alto rendimento. No passado, inclusive, fez uma temporada de quebras sucessivas de recordes. Agora, porém, a decisão é definitiva.

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Em sua conta no Instagram, Joanna Maranhão fez um texto de agradecimento a todos que contribuíram para a sua trajetória e fez um apelo para que a natação tenha menos segredos e bajulações nos próximos anos. “Que o resultado na piscina, e apenas ele, diga quem será ou não convocado, quem será ou não contemplado”, escreveu ela, que batalhou por anos contra a antiga gestão da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos e sofreu inúmeras retaliações por suas atitudes na tentativa de conquistar melhoras para a modalidade.

Joanna se despede das competições com quatro participações olímpicas, incluindo o histórico quinto lugar nos 400 metros medley em Atenas-2004, oito medalhas em Jogos Pan-Americanos, além de disputas em mundiais e uma infinidade de recordes nacionais e sul-americanos no currículo. O martelo de abandonar as competições só foi batido após pensar e repensar suas prioridades no momento e perceber que a vida pessoal, agora, lhe chama mais atenção do que subir no bloco para uma prova.

"Alguns meses depois do Dancing, voltei a treinar com foco nos 200 medley. Por conta da idade e por ter obtido bons resultados nas últimas competições. Seria o foco para Tóquio, até que engravidei. Diminuí o ritmo, mas segui treinando, queria nadar o Finkel com 20 semanas. Só que perdi o bebê com sete semanas e todo esse processo é visceral. Conversei muito com a psicóloga e vi que desde o momento que me tornei mãe, alguma coisa mudou e Tóquio não era mais tão importante. Não tenho mais aquele sangue no olho para a Olimpíada. Fico feliz porque não estou deixando de ser atleta por conta de resultados, sinto que daria para seguir. Mas é uma página que estou virando", conta Joanna, que não abre mão da maternidade, seja ela biológica ou através de adoção.

Em sua trajetória, Joanna também ficou conhecida pela personalidade forte, de não se esquivar de emitir opiniões em assuntos polêmicos, como as ingerências da era Coaracy Nunes à frente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos. Por não acatar situações em troca de patrocínios, viveu momentos complicados. Em seu discurso de despedida em uma rede social, pontuou esperar que "o resultado na piscina, e apenas ele, diga quem será ou não convocado, quem será ou não contemplado”.

"Não fiz mais do que minha obrigação nesses anos, o que minha família me ensinou. E espero que ninguém passe pelas retaliações que passei. Todos têm o direito de se expressar e a natação é um esporte bem direito, o resultado está na água", frisa ela, que não descarta voltar a morar no Recife. "Depois que perdemos o neném, nos sentimos muito sós. Por dez anos, quando um caía, o outro tava lá para amparar. Mas dessa vez os dois perderam e sentimos essa sensação. Lu começou a trabalhar, precisávamos de renda, e eu ficava sozinha em casa, chorando. Então cogitamos Recife ou Brasília (onde mora a família de Luciano), mas nada de imediato", revela.

Renovação

Com 40 recordes brasileiros em seu nome, Joanna não se vangloria. Pelo contrário, alerta para o que isso representa. "Mostra mais a falha na natação de meio fundo do que mérito meu. É complicado, mas tem que falar nesse assunto", pontua. "Vejo um futuro bom nas provas de velocidade, um legado do que Etiene (Medeiros, também pernambucana) vem fazendo, quebrando barreiras ao mostrar ser possível chegar no topo. Os 50 metros livre promete uma disputa boa em breve. Mas não vejo o mesmo no meio fundo, infelizmente."

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