Chamada Nordeste: com R$ 128,7 bi, propostas superam 13 vezes o valor previsto
Demanda de 246 projetos ultrapassa os R$ 10 bi iniciais previstos. Energias renováveis lideram com 91 propostas, seguidas por setor automotivo. Bahia concentra maior número de projetos. Resultado da Chamada Nordeste sai em novembro
A indústria nordestina está ávida por crédito para projetos de inovação. A Chamada Nordeste – que propõe liberar crédito para projetos alinhados à Nova Indústria Brasil (NIB) – recebeu 246 propostas de empresas que totalizam R$ 128,7 bilhões. Isso é quase 13 vezes acima da estimativa inicial que era de bancar R$ 10 bilhões previstos inicialmente. O prazo de submissão foi encerrado na segunda-feira (15).
“A variedade e o volume de projetos apresentados mostram que o Nordeste é hoje um território de oportunidades estratégicas para o setor produtivo”, afirmou o superintendente da Sudene, Francisco Alexandre. Anteriormente, ele afirmou que a Sudene iria conversar com os bancos que participam da iniciativa para conseguir mais recursos para contemplar mais projetos.
A presidente da Associação Brasileira de Desenvolvimento (ABDE) e diretora de Crédito para Micro e Pequenas Empresas do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Maria Fernanda Coelho, disse, no Fórum Debate – realizado no Recife -, que é importante que a Chamada Nordeste não se restringe aos R$ 10 bilhões e que há possibilidades de ampliar o total a ser financiado. “De fato, tem uma carteira de programas, de recursos das instituições financeiras que ficarão, então, à disposição para esses projetos ao serem analisados”, comentou.
No âmbito da chamada, vai ter um processo de seleção que deve ficar pronto em novembro, definindo os recursos reembolsáveis e não reembolsáveis dentro do edital que publicou as regras da iniciativa. “Agora, todas as instituições financeiras que compõem, que estão na própria chamada, elas vão ter a oportunidade de, olhando aquela carteira, também viabilizar o financiamento. Então, de fato, o que tem hoje, dentro do ecossistema do financiamento que nós temos, é a possibilidade de financiar esses projetos que foram apresentados”, resumiu.
Coordenada pela Sudene, além do BNDES, a Chamada Nordeste poderá ter projetos financiados pelo Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Banco do Nordeste (BNB) e da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep).
O governador do Piauí e presidente do Consórcio Nordeste, Rafael Fonteles, argumentou, em entrevista coletiva, que “diante de quem historicamente duvidou da nossa capacidade, respondemos com projetos que são o futuro da indústria brasileira. Tenho plena certeza de que estamos diante de um ponto de virada, com o Nordeste se consolidando como a maior fronteira de investimento do país.” Ele estava se referindo a grande quantidade de projetos apresentados na Chamada Nordeste.
Perfil das empresas que apresentaram propostas na Chamada Nordeste
Dentre as 246 propostas de negócio apresentadas, 180 – o que representa 73% – foram elaboradas em cooperação com instituições científicas e tecnológicas (ICTs), enquanto 76 aderiram ao formato de consórcio entre empresas.
O setor que mais apresentou propostas foi o de energias renováveis com foco em armazenamento, totalizando 91 propostas. O armazenamento em baterias pode ser uma grande solução para este tipo de geração no Nordeste. Em seguida, ficou a indústria automotiva e de máquinas agrícolas (57), a descarbonização por meio do hidrogênio verde (53), a bioeconomia voltada a fármacos (52) e os data centers verdes (52).
Considerando a distribuição geográfica, a Bahia liderou em número de propostas, com 82 projetos que somam R$ 42,2 bilhões em demanda por crédito. Em seguida aparecem Ceará e Pernambuco, ambos com 49 projetos, mas com demandas distintas. O Ceará totalizou projetos da ordem de R$ 27,3 bilhões, enquanto Pernambuco somou R$ 7,1 bilhões em propostas.
O Rio Grande do Norte apresentou 32 propostas (R$ 6 bilhões), enquanto o Maranhão submeteu 24 projetos (R$ 26,7 bilhões); Alagoas, com 22 propostas (R$ 6,2 bilhões); Paraíba, com 21 projetos (R$ 2,5 bilhões); Piauí registrou 19 propostas (R$ 11,2 bilhões) e Sergipe, 18 projetos (R$ 15,1 bilhões).
O levantamento também mostrou diversidade no porte das empresas. Foram 139 propostas de empresas com faturamento de até R$ 4,8 milhões; 23 estabelecimentos entre R$ 4,8 milhões e R$ 16 milhões; 37 entre R$ 16 milhões e R$ 90 milhões; 17 entre R$ 90 milhões e R$ 300 milhões; e 30 de empresas com faturamento acima de R$ 300 milhões.
As propostas passarão por análise de enquadramento e avaliação conforme os critérios do edital. O resultado será divulgado até 28 de novembro. A partir daí, os planos de negócio selecionados terão suporte conjunto das instituições financeiras, que vão estruturar os instrumentos de apoio mais adequados às necessidades de cada projeto.
União das instituições para a inovação
A Chamada Nordeste foi construída no âmbito do Comitê Regional das Instituições Financeiras Federais (CORIFF), ligado ao Conselho Deliberativo da Sudene (Condel). A iniciativa tem o objetivo de integrar esforços para ampliar o acesso a crédito e alinhar investimentos regionais às missões da NIB
A iniciativa prevê até R$ 10 bilhões em diferentes modalidades de apoio: crédito, participação acionária, subvenção econômica e recursos não reembolsáveis destinados a parcerias entre empresas e instituições tecnológicas.
As propostas de Pernambuco na Chamada Nordeste
Em Pernambuco, foram apresentados 49 projetos para concorrer na Chamada Nordeste totalizando investimentos de R$ 7,1 bilhões em demanda de crédito. “O volume e a diversidade dos projetos apresentados mostram como cada estado do Nordeste possui potencial significativo para investimentos produtivos. Os resultados nos mostram também que o setor produtivo regional está preparado para identificar oportunidades e estruturar iniciativas capazes de gerar emprego, inovação e desenvolvimento”, afirmou Francisco Alexandre.
*Com informações da Sudene
*Colaborou Allan Petterson

