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BIOCOMBUSTÍVEL

Importado dos EUA, etanol de milho terá CBIOs pela 1ª vez

Os CBIOs são créditos de descarbonização concedidos pelo programa do governo federal Renovabio

É a primeira vez que a ANP libera o CBIO para o produtor de etanol de milho dos Estados Unidos.É a primeira vez que a ANP libera o CBIO para o produtor de etanol de milho dos Estados Unidos. - Foto: Embrapa/Divulgação

A Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) autorizou o primeiro produtor de etanol de milho dos Estados Unidos a receber créditos de descarbonização (CBIOs) do Renovabio, um programa do governo federal que pretende aumentar, gradativamente, a produção de biocombustíveis no Brasil. É a primeira vez que isso acontece.

Os CBIOs foram criados pelo RenovaBio. A autorização para um produtor estadunidense abre espaço para a participação de importadores no programa. Na autorização dada pela ANP, os CBIOs foram concedidos à empresa Copersucar S.A. para a importação de etanol anidro produzido pela Plymouth Energy LLC, localizada em Merrill, Iowa, nos Estados Unidos.

Os biocombustíveis importados têm uma pegada de carbono maior do que o produzido no Brasil a partir da cana-de-açúcar. Isso ocorre por vários motivos. O primeiro é que a principal matéria-prima do etanol feito nos EUA é o milho, que não gera a biomassa que a cana-de-açúcar produz. Quase a totalidade das usinas brasileiras, usam a biomassa (o bagaço) para gerar energia usada no próprio processo produtivo, o que torna o produto brasileiro mais sustentável, entre outros fatores.

A expectativa é de que o etanol de milho americano receba menos CBIOs do que o etanol nacional feito a partir da cana-de-açúcar. A descarbonização do etanol de milho correponderia a 5,4% da descarbonização que acontece com o etanol produzido a partir da cana-de-açúcar, segundo estimativas feitas pelo próprio setor. Nos Estados Unidos, a pegada de carbono na produção do etanol depende do combustível usado na fabricação do produto, que pode ser gás natural, entre outros.

A adesão ao RenovaBio é voluntária, mas requer a contratação de firmas inspetoras credenciadas pela ANP para validação da certificação e da nota de eficiência que ateste o grau de descarbonização na fabricação do produto.

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O etanol fabricado a partir da cana-de-açúcar gera mais créditos de descarbonização (CBIOs). Foto: Elza Fiúza/Agência Brasil

Os CBIOs, o etanol e o tarifaço de Trump

Em abril último, foi anunciada uma tarifa de 10% para os produtos brasileiros entrarem nos Estados Unidos pelo presidente norte-americano, Donald Trump. Na época, um relatório do governo estadunidense considerou o Renovabio uma barreira comercial. Agora, o etanol está com a taxação de 50%, como a maioria dos produtos fabricados no Brasil.

O Brasil está negociando taxas menores para vários produtos brasileiros ingressarem no mercado americano, principalmente o açúcar – da cota americana que é comprado por um preço maior do que o de mercado e fornecido pelas usinas do Nordeste -, os biocombustíveis, entre outros.

Nos dias 3 e 4 de setembro próximos, a produção de etanol e de combustível sustentável de aviação (SAF) estarão na pauta da missão empresarial que a Confederação Nacional da Indústria (CNI) vai fazer em Washington.

Geralmente, os parceiros comerciais fora do Mercosul – o que inclui os Estados Unidos – pagam uma taxa de 18% para venderem o biocombustível no Brasil, país que consegue ser o produtor mais competitivo de biocombustível no mundo.

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