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SAÚDE

A simples visão de uma pessoa doente pode ativar nosso sistema imunológico, revela estudo

Pesquisa foi feita por uma equipe internacional de autores da Universidade de Lausanne, na Suíça, com cerca de 250 adultos saudáveis

Nosso cérebro e sistema imunológico ficam em alerta ao observar uma pessoa doente na rua Nosso cérebro e sistema imunológico ficam em alerta ao observar uma pessoa doente na rua  - Foto: Freepik

Uma simples observação de uma pessoa doente na rua, ou seja, com sintomas claros de uma gripe, por exemplo, faz com que nosso cérebro dispare um alarme, como uma resposta de luta ou fuga, mesmo que a pessoa esteja longe demais para infectá-lo, e mantém o nosso sistema imunológico em alerta.

As conclusões são feitas por uma equipe internacional de autores, liderada pela imunologista Sara Trabanelli, da Universidade de Lausanne, na Suíça, que realizou uma série de experimentos usando óculos de realidade virtual (RV) e revelou o quão sensível nosso cérebro pode ser aos sintomas de uma doença.

No estudo, quando os participantes viram um avatar virtual a distâncias variadas mostrando sinais claros de doença (como uma erupção cutânea febril), seus cérebros de repente entraram em ação e seus sistemas imunológicos ficaram em alerta máximo.

Por outro lado, quando viam um avatar saudável e de aparência neutra, seus cérebros não mostravam os mesmos padrões de ativação, e seus exames de sangue não mostravam uma elevação imediata nos marcadores imunológicos.

 

Alguns desses marcadores são conhecidos como células linfoides inatas (ILCs). As ILCs podem aumentar no sangue quando o corpo é exposto diretamente a um patógeno, mas, neste caso, bastou a visão de uma infecção virtual e a mera perspectiva de exposição.

“Esses dados mostram que as ILCs reagem a infecções não apenas quando são detectadas no corpo, mas também quando são processadas como uma ameaça potencial que se aproxima do corpo", disseram os pesquisadores.

Os avatares doentes que estavam mais distantes provocaram a resposta mais forte da rede cerebral. Curiosamente, algumas dessas áreas ativadas são as mesmas que podem ser ativadas após a administração de uma vacina contra a gripe.

Segundo os resultados do estudo, quando o cérebro detecta uma ameaça iminente, ele responde rapidamente, desencadeando atividade em partes do cérebro, como o hipotálamo, que então se comunica com o sistema imunológico.

O estudo foi feito com cerca de 248 adultos saudáveis no total e, em um dos testes, os participantes usando RV foram solicitados a apertar um botão quando sentiam um toque no rosto.

Quando enxergavam uma pessoa doente, os participantes pressionavam o botão mais rápido ao sentir o toque do que quando viam um avatar neutro ou com medo. Isso sugere que seus cérebros são preparados pela visão da doença.

"Essas descobertas sugerem uma reação neuroimune integrada em humanos em relação a ameaças de infecção, não apenas após contato físico", concluem os autores.

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