Aberta a temporada para as aves migratórias em Pernambuco
Fugindo do inverno rigoroso do Hemisfério Norte, milhares de pássaros voam em direção ao litoral brasileiro para se alimentar
Nas primeiras semanas de setembro começam as longas viagens das aves limícolas migratórias ao litoral brasileiro. É a partir deste mês que milhares de maçaricos e batuíras de diferentes espécies, vindas do Canadá e Alasca, chegam para uma extensa temporada nos vários bancos de areia, charcos e áreas de lama (daí o nome “limícola”), distribuídos na costa do País.
Esses trechos são considerados sítios de alimentação e invernada - regiões ricas em alimentos que permitem a reposição da energia necessária para as aves voltarem ao seu local de origem e, então, darem início a um novo ciclo reprodutivo. Para chamar a atenção sobre a importância de conservar esses pontos de parada, o calendário dedica o 6 de setembro como o Dia Mundial das Aves Limícolas Migratórias.
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As aves escolhem o litoral nesse período porque coincide com o início do inverno no continente ártico. Isso determina que é hora de migrar. Em Pernambuco, um dos principais pontos de repouso é a Coroa do Avião, na ilha de Itamaracá, no Litoral Norte do Estado.
É lá que o vira-pedras, maçarico-branco e algumas espécies ameaçadas de extinção, como o batuíra-bicuda, maçariquinho e maçarico-de-costas-brancas, permanecerão pelos próximos oito meses. Também há registro dessas espécies na Bacia do Pina (Parque dos Manguezais) e num trecho de manguezal por trás do Teatro Santa Isabel, no Centro do Recife.
Porém, uma vez que há desequilíbrio nas áreas de ocorrência, todo o ciclo das aves é interferido. É o que alerta um dos pesquisadores da UFRPE responsáveis pelo monitoramento dessas aves na Coroa do Avião, Wallace Telino Júnior. “Se elas se alimentam de pequenos invertebrados e ocorrem perturbações humanas, na prática, as aves não irão mais pousar nesses pontos, logo, poderão perder peso. Esse alimento é rico em proteína e se transforma em gordura. É o que favorece a troca de penas e serve de combustível para elas voltarem ao Ártico”, explica o especialista, ao reforçar a importância da data.
Esses pássaros, cujo maior tamanho chega a apenas 15 centímetros, chegam a voar até 30 mil quilômetros a cada ano. Para se ter ideia, uma ave migratória chega a percorrer, ao longo da vida, uma distância equivalente a uma viagem da Terra à lua: 400 mil quilômetros. O estudo das migrações é feito com marcadores (anilhas metálicas, coloridas ou geolocalizadores) fixados nas aves, geralmente nas pernas.

