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Jornalismo

Ali Kamel deixará a direção geral de Jornalismo da Globo e Ricardo Villela será o novo diretor

Jornalista será coordenador do Conselho Editorial do Grupo Globo

Ali Kamel irá deixar a direção geral de Jornalismo da Globo em dezembro Ali Kamel irá deixar a direção geral de Jornalismo da Globo em dezembro  - Foto: Divulgação/Globo

A Globo anunciou nesta terça-feira que, a partir de janeiro de 2024, Ali Kamel deixará o cargo de diretor geral de Jornalismo do grupo. Ele será substituído por Ricardo Villela, atual diretor-executivo de Jornalismo. Ali Kamel passará a ocupar a recém-criada função de coordenador do Conselho Editorial do Grupo Globo, presidido por João Roberto Marinho.

A movimentação atende a um desejo de Ali Kamel de deixar as funções executivas e as atividades diárias depois de 34 anos no Grupo Globo, 22 deles na Globo, em posições de liderança.

Parceiro de Ali desde 2005, quando chegou à Globo, Ricardo Villela tem dez anos de experiência no jornalismo impresso, com passagens pelo Jornal do Brasil e pelas revistas Veja e Playboy.

Na Globo, atuou em diversas áreas. Foi editor de política, editor-executivo e editor-chefe do Jornal da Globo, coordenou o Jornal Nacional, chefiou a redação de São Paulo, dirigiu a redação de Brasília e ocupava, há dois anos, a diretoria-executiva de Jornalismo.

Formado em Comunicação Social e Ciências Sociais, Ali Kamel teve uma passagem importante no jornal O Globo, onde começou a trabalhar em 1989. Sua primeira função foi a de chefe de reportagem dos jornais de bairros. Passou pela editoria Rio (ex-Geral), foi editor do Segundo Caderno e depois nomeado editor-executivo, assumindo a responsabilidade de supervisionar todos os suplementos do Globo.

Também dirigiu a sucursal de Brasília, quando participou da cobertura do impeachment do então presidente Fernando Collor de Mello. Voltou ao Rio dois anos depois para assumir o cargo de editor-chefe adjunto do jornal.

Na ocasião, criou o Painel dos Leitores, seção do jornal que realizava uma pesquisa diária na qual os leitores davam opiniões sobre a edição do dia, desde o conteúdo das reportagens até a pontualidade na distribuição dos exemplares. A iniciativa foi pioneira na imprensa e inspirou outros jornais no mundo.

Na Globo, Ali Kamel coordenou a cobertura de seis eleições presidenciais e cinco eleições municipais. Entre os projetos em que se envolveu estão o Caravana JN, JN no Ar, O Brasil que eu quero para o futuro e Brasil Em Constituição.

Foi dele também, em 2002, a ideia de entrevistar os candidatos à presidência durante o Jornal Nacional, algo até então inédito e que se tornou um evento central para as campanhas eleitorais.

Entre tantas coberturas que Ali Kamel liderou, o diretor-presidente da Globo, Paulo Marinho, destacou em carta enviada às equipes do Grupo Globo a cobertura da pandemia. Na época, os telejornais cresceram de tamanho e um programa diário dedicado à pandemia foi criado do zero em 24 horas.

A Covid não poupou os jornalistas. E Ali Kamel se fez presente. Diariamente, escrevia ou telefonava para os membros da equipe doentes ou seus parentes em buscas de notícias, relembrou Marinho. E, à noite, enviava a todos um relatório intitulado “Nossos colegas”, atualizando sobre o estado de saúde da equipe.

Na carta, Paulo Marinho lembrou ainda que Ali Kamel o procurou e a João Roberto Marinho em julho passado, dizendo que gostaria de desacelerar, após intensos 34 anos dedicados a funções executivas no Grupo Globo, 22 deles na Globo.

Paulo Marinho frisou que nunca faltou a Ali Kamel entusiasmo pela profissão, mas que era natural que chegasse o dia em que desejasse mais tempo para outras atividades.

Na carta, o diretor-presidente da Globo ressaltou a habilidade de Ali Kamel de construir equipes e disse ter a certeza de que o executivo ajudou a desenvolver profissionais "capazes de seguir praticando um jornalismo baseado na pluralidade, isenção e busca pela apuração precisa dos fatos".

Em carta à equipe, Kamel destacou que viveu tudo e ainda vive “com a postura daquele estagiário de 41 anos atrás: com curiosidade, empolgação, vontade de aprender e de acertar”. E que ajudou na decisão de se afastar das atividades diárias saber que o jornalismo da Globo conta “com profissionais talentosíssimos e prontos para seguirem adiante”.

Após deixar a direção geral de Jornalismo da Globo, Ali Kamel, a convite de João Roberto Marinho, assumirá a posição agora criada de coordenador do Conselho Editorial do Grupo Globo.

Com a saída de Ricardo Vilella da diretoria-executiva de Jornalismo, esta passa a ser comandada por Miguel Athayde, atual diretor da GloboNews, a partir de janeiro que vem.

Athayde é jornalista da Globo desde 1994. Foi produtor dos jornais locais do Rio, editor-executivo e editor-chefe do Bom dia Brasil.

Em 2012, foi convidado a assumir a direção regional de jornalismo do Rio, posição em que comandou coberturas importantes como a preparação da cidade para sediar os Jogos Olímpicos de 2016.

Desde 2018, Miguel dirige a GloboNews, onde liderou a cobertura das eleições no ano passado e ampliou a cobertura ao vivo para 20 horas diárias.

Vinícius Menezes, hoje diretor regional de jornalismo no Rio de Janeiro, assumirá o comando da GloboNews. A liderança da redação no Rio de Janeira será de Marcio Sternick.

Durante os próximos meses, Ali Kamel, Ricardo Villela e Miguel Athayde trabalharão juntos na transição.

Veja a íntegra da carta de Paulo Marinho:

Mudança na liderança do Jornalismo

Caras equipes,

Em julho do ano passado, Ali Kamel procurou a mim e ao João Roberto Marinho para falar de planos para o futuro. Após intensos 34 anos dedicados a funções executivas no Grupo Globo, 22 deles na Globo, disse que gostaria de desacelerar. Passada a surpresa inicial, já que Ali está no auge de sua capacidade de pensar jornalismo e gerir redações, procuramos entender suas motivações. Em primeiro lugar, o desejo de experimentar uma rotina diferente da exigida pelos desafios diários dos cargos de liderança em jornalismo. Ao Ali, nunca faltou entusiasmo pela profissão. Seu grau de comprometimento e dedicação sempre foi extremo, sua lista de realizações, enorme. Era natural que chegasse o dia em que desejasse mais tempo para outras atividades. Em segundo lugar, a certeza de ter desenvolvido profissionais capazes de seguir praticando um jornalismo baseado na pluralidade, isenção e busca pela apuração precisa dos fatos. Ali é um construtor de equipes. Tem uma rara capacidade de explanar cada movimento, sempre amparado em análise minuciosa de fatos e opiniões. E essa qualidade facilitou muito a elaboração de sua sucessão, da qual falaremos mais adiante.

Esta é, afinal, uma parceria difícil de abrir mão. Ali sempre foi um companheiro sereno, íntegro, decisivo. Ao longo dos últimos 22 anos, coordenou a cobertura de seis eleições presidenciais e cinco eleições municipais. Entre tantos projetos, como ‘Caravana JN’, ‘JN no Ar’, ‘O Brasil que eu quero para o futuro’ e ‘Brasil Em Constituição’, foi dele também, em 2002, a ideia ousada de entrevistar os candidatos à presidência durante o ‘Jornal Nacional’, algo até então inédito e que hoje se tornou um evento central, aguardado e muito esclarecedor das campanhas eleitorais. Em todos os grandes eventos, nacionais e internacionais, pudemos sempre contar com a certeza de que, com ele à frente, nosso jornalismo cobriria os fatos com a qualidade que desejamos.

Mas, quem conhece bem o Ali sabe que, de todas as coberturas nesses anos todos, a que lhe demandou mais, profissional e emocionalmente, foi a da pandemia. Justamente quando o jornalismo seria mais necessário e nossas equipes mais exigidas, as condições de trabalho impostas pela realidade eram as mais duras. Sob sua liderança, os telejornais cresceram de tamanho, um programa diário dedicado à pandemia foi criado do zero em 24 horas, o espaço do noticiário disparou. Colegas adoeceram. Em meio a tanto empenho de todas as equipes, Ali, além da minuciosa supervisão do trabalho jornalístico em si, passou a incluir duas novas tarefas em sua rotina. Diariamente, escrevia ou telefonava para os colegas doentes ou seus parentes em buscas de notícias de um a um. E, à noite, enviava a todos um relatório intitulado “Nossos colegas”, com um balanço transparente dos doentes e recuperados. Muitos colegas nossos se lembram com emoção desse gesto.

Após deixar a direção geral de Jornalismo da Globo, as atividades diárias e as funções executivas, Ali, a convite de João Roberto Marinho, assumirá a posição agora criada de Coordenador do Conselho Editorial do Grupo Globo. Numa conversa recente, João, que preside o Conselho com grande engajamento, resumiu assim sua decisão: “Trabalho junto com o Ali desde o início da década de 90, uma relação profissional de muita confiança e respeito. Ao convidá-lo para me ajudar no Conselho, minha ideia é continuar a contar com sua capacidade de reflexão e análise. Estou convencido que será muito positivo para todo o grupo.”

Para suceder ao Ali como diretor-geral de Jornalismo a partir de primeiro de janeiro de 2024, convidamos um companheiro que esteve ao lado dele nestes anos mais recentes. Ricardo Villela chegou à Globo em 2005, após dez anos de experiência no jornalismo impresso com passagens pelo ‘Jornal do Brasil’ e pelas revistas ‘Veja’ e ‘Playboy’. Foi editor de política, editor-executivo e editor-chefe do Jornal da Globo. Coordenou o ‘Jornal Nacional’ e chefiou a redação de São Paulo antes de assumir a direção de Jornalismo da Globo em Brasília. Como o Ali, viveu em Brasília algumas das coberturas mais relevantes de sua vida. Ali dirigia a redação de ‘O Globo’ na capital em 1992, no impeachment de Fernando Collor. Villela dirigiu a redação da Globo em Brasília durante os turbulentos anos de 2013 a 2018. Em 2019, transferiu-se para o Rio – e, desde 2021, tem ajudado Ali de perto como diretor-executivo de jornalismo.

Para o lugar de Villela, convidamos Miguel Athayde, diretor da GloboNews. Miguel é o que podemos chamar de prata da casa. É jornalista da Globo desde 1994. Foi produtor dos jornais locais do Rio, editor-executivo e editor-chefe do ‘Bom dia Brasil’. Em 2012, foi convidado a assumir a direção regional de jornalismo do Rio, posição em que comandou coberturas importantes como a preparação da cidade para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. Desde 2018, Miguel dirige a GloboNews, onde liderou a cobertura das eleições no ano passado e ampliou a cobertura ao vivo para 20 horas diárias.

Durante os próximos meses, Ali, Villela e Miguel trabalharão juntos na transição.

Em meu nome e da minha família, agradeço ao Ali pelos anos de dedicação e empenho que tanto nos ajudaram a escrever a história da Globo até aqui.

E desejo a ele, ao Villela e ao Miguel sucesso nas novas funções nos anos que estão por vir.

Paulo Marinho

Diretor-presidente da Globo

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