Alunos denunciam esgoto e higiene precária em colégio estadual
Estudantes que se alimentam da merenda tiveram problemas intestinais e reclamam dos bueiros transbordando água suja no refeitório
Alunos da Escola de Referência em Ensino Médio (Erem) Silva Jardim, localizada no bairro do Monteiro, Zona Norte do Recife, denunciam a situação precária de higiene na instituição. Desde a quarta-feira (24), grande parte dos estudantes que consomem a merenda estão com problemas intestinais. Eles também reclamam dos bueiros transbordando água suja no refeitório. Em nota, a Secretaria Estadual de Educação (SES) disse que está verificando o houve com esse grupo de alunos e com a alimentação servida naquele dia e negou que haja problema de esgoto no local.
Nesta sexta-feira (26), a reportagem do Folha PE foi até a escola para conversar com gestores e alunos. Da praça, que fica em frente ao colégio, já era possível sentir o cheiro de esgoto. Alunos e funcionários passavam pelos corredores usando máscaras cirúrgicas e panos nos rostos. A diretora da escola ainda tentou justificar o uso das máscaras, afirmando que os alunos teriam aula nos laboratórios, mas não era o caso.
Os adolescentes, que estudam em tempo integral, foram liberados das aulas por volta das 11h30. “O cheiro de esgoto já está há muito tempo, mas só hoje conseguimos ser liberados, porque está insuportável. Se fosse pela administração, ainda estaríamos aqui aguentando o fedor” disse a aluna do 2° ano Rafaela Gomes.
Os bueiros da escola transbordam com água de esgoto. “Isso acontece sempre que chove, a água da fossa inunda o refeitório e às vezes até a cozinha. As moças da limpeza tentam limpar, mas mesmo assim somos obrigados a comer no refeitório sujo", contou a estudante do 3° ano Melanie Beatriz. Equipes de manutenção estavam no local no momento da entrevista e, de acordo com a diretora, o problema do bueiro estava sendo solucionado.
“Ontem, quinta-feira, foi um pesadelo. Muitos alunos estavam doentes, vomitando e com dor de barriga. O encanamento dos banheiros vive com defeito, e por isso a água dos sanitários retornava. O pessoal acabou vomitando nos corredores pela escola” disse a aluna do 1° ano, Luana Maria. Ainda assim, os estudantes só foram liberados da aula às 17h, horário integral.
A diretora da escola informou que o caso da possível merenda estragada também está sendo investigado e que a comida, desde quinta-feira (25), é preparada em outro local e transportada até a escola.
De acordo com diversos alunos, eles foram orientados pela administração para que não divulgassem a situação da escola em nenhum tipo de mídia. Já houve casos em que gatos entraram na cozinha para comer os restos de comida, e os estudantes publicaram nas redes sociais, mas foram instruídos a apagar as publicações.
“A diretora pede que nós não façamos propaganda negativa da escola, mas não é nossa intenção. Nós queremos estudar, estamos buscando uma solução para os nossos problemas” afirmou Luana Maria.
Em nota, a SES confirmou que foi informada sobre estudantes da escola que sentiram-se mal depois de sair da escola e está verificando o que houve com esse grupo e com a alimentação servida naquele dia. A pasta informou que solicitou, por meio da Gerência Regional de Educação e Programa Alimentar, a análise da água e dos alimentos oferecidos aos alunos. A previsão para conclusão do laudo laboratorial é de cerca de 15 dias, a partir da data da coleta dos alimentos e da água, realizada na quinta-feira (25).
Sobre a denúncia de sujeira e animais na cozinha, a Secretaria disse que a escola passa por dedetização semestralmente e já foi feita uma neste início de ano, e que a cozinha é limpa diariamente, portanto, a denúncia dos estudantes não procede.
Quanto ao mau cheiro, o órgão disse que a Erem não tem problema de esgoto, e a necessidade foi de limpeza da caixa de gordura da escola, que estava programada anteriormente para acontecer nesta sexta-feira (26). Para esse serviço, os estudantes foram liberados da escola nesta sexta.