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ALIMENTAÇÃO

As 3 farinhas da moda que são ricas em nutrientes

Farinhas alternativas como as de amêndoas, aveia e alfarroba estão ganhando popularidade por suas propriedades nutricionais e benefícios para a saúde

As 3 farinhas da moda que são ricas em nutrientesAs 3 farinhas da moda que são ricas em nutrientes - Foto: Freepik

Destituída de seu trono como ingrediente indispensável da gastronomia, a farinha de trigo deixou de ser a mais requisitada e popular para disputar o pódio com outras alternativas rotuladas como "mais saudáveis e benéficas".

Um relatório da Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição dos Estados Unidos (NHANES) revela que cerca de 2,7 milhões de pessoas sem doença celíaca começaram a seguir uma dieta sem glúten entre 2009 e 2014. Os autores do estudo sugerem que essa tendência se deve a dois motivos: o primeiro é a percepção pública de que uma dieta sem glúten é mais saudável e pode melhorar sintomas gastrointestinais inespecíficos; e, em segundo lugar, a crescente oferta de alternativas sem glúten disponíveis no mercado.

"Na sociedade, está se entendendo que há 65% de sobrepeso e obesidade com a forma de se alimentar que aprendemos das gerações anteriores, de modo que surge a necessidade de fazer algo diferente"aponta Matías Marchetti, nutricionista e autor de livros sobre vida saudável.

Assim, outras opções igualmente saborosas, com boa textura e, em alguns casos, até mais úteis dependendo do tipo de prato que se pretende preparar, ganharam maior relevância.

Farinhas de alfarroba, amêndoas e aveia
"O aumento no consumo de farinhas alternativas se deve, em primeiro lugar, ao retorno da dieta cetogênica: caracterizada por ser pobre em carboidratos, e à grande quantidade de pessoas que estão sendo diagnosticadas com intolerância ao glúten" explica a nutricionista Valentina Martínez.

Ao mesmo tempo, Marchetti ressalta que os substitutos do trigo não são mágicos, e que, para notar resultados e aproveitar suas propriedades, é preciso manter um equilíbrio energético e de nutrientes ao longo do dia.

"Algumas opções são até mais calóricas, o que pode se tornar um problema quando essa energia não é utilizada e acaba se acumulando" acrescenta.

1) Farinha de amêndoas
É uma das farinhas sem cereais e sem glúten mais comuns, feita com amêndoas moídas e sem casca. A nutricionista Valentina Martínez revela que ela tem quantidade nula de carboidratos e é rica em gorduras saudáveis e proteínas. A profissional alerta que, embora seja consumida em pequenas quantidades, fornece uma abundância de calorias.

É o substituto mais utilizado para fazer pães e bolos, graças ao seu sabor adocicado. E não para por aí: o site especializado em medicina WebMD informa que essa farinha contém manganês, que ajuda o corpo a coagular o sangue adequadamente, o que permite a cicatrização após uma lesão, e a decompor de forma eficiente carboidratos e colesterol.

“Por ter um baixo índice glicêmico, é adequada para o consumo de pessoas com diabetes, permitindo que controlem seus níveis de açúcar no sangue de forma mais eficaz”, conclui a publicação.

2) Farinha de aveia
É feita a partir da moagem da aveia integral e confere aos produtos assados mais sabor e textura do que a tradicional farinha de trigo. Além disso, é uma verdadeira bomba de nutrientes, graças à sua riqueza em magnésio e zinco, além das vitaminas B1, B6, biotina e ácido fólico.

“Ela tem um alto teor de fibras, que favorece a digestão, e, especificamente, um tipo de fibra solúvel chamado betaglucana, que pode ajudar a reduzir o colesterol LDL, assim como os níveis de açúcar no sangue e de insulina”, descreve o estudo “Efeitos redutores do colesterol da β-glucana da aveia: uma metanálise de ensaios clínicos randomizados”.

Martínez alerta que a farinha de aveia é contraindicada para algumas pessoas com doença celíaca, pois elas podem ser intolerantes à proteína da aveia.

"Na Argentina, é muito difícil encontrar aveia sem glúten porque há risco de contaminação durante a colheita ou o processamento" explica.

Ela acrescenta ainda que, em comparação com a farinha de trigo, a de aveia oferece mais proteína e, por conter mais fibras, ajuda a melhorar quadros relacionados à constipação.

3) Farinha de alfarroba
Ela não é apenas uma alternativa à farinha com glúten, mas também ao chocolate, graças ao seu sabor e consistência semelhantes. Faz parte do Código Alimentar Argentino, por ser considerada um alimento natural com importante composição nutricional e energética.

A Associação Argentina de Nutrição destaca que 100 gramas de farinha de alfarroba fornecem 220 calorias, 48,8 gramas de carboidratos, 4,6 gramas de proteínas de origem vegetal e 40 gramas de fibra. Além disso, ressalta-se que ela não contém colesterol e que seu teor total de gorduras é muito baixo.

Em relação à sua importância no contexto nacional, a alfarroba é um dos alimentos autóctones mais antigos utilizados na América do Sul, além de representar um dos principais produtos florestais não madeireiros da Argentina.

"Seu consumo está ligado a costumes ancestrais e comunidades que produziam a farinha de alfarroba com pilões de madeira" revela Nito Anello, cofundador da empresa de alimentos Zafrán, que comercializa produtos com esse ingrediente historicamente conhecido por sua riqueza nutricional.

Graças ao trabalho conjunto com o grupo Empreendedores por Naturaleza e com as comunidades do Impenetrável, no Chaco, ele pôde começar a desenvolver uma receita de barras e outra de biscoitos que incluam esse poderoso ingrediente.

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