Autoescola pode ter lesado 310 clientes no Recife
Estabelecimento foi suspenso por 60 dias pelo Detran e não pode ministrar aulas. Alunos prestaram queixa na polícia, mas proprietário do local diz que não tem como devolver o dinheiro
Uma autoescola no bairro de Boa Viagem, Zona Sul do Recife, pode ter lesado centenas de alunos nos últimos meses. O estabelecimento foi suspenso por 60 dias pelo Detran-PE e não pode ministrar aulas ou validar a marcação de provas, mas se recusa a devolver o dinheiro dos clientes. Pessoas que já tinham se matriculado estão sem poder seguir com o processo para retirar as habilitações. A estimativa é de que 310 candidatos tenham sido afetados. O caso é investigado pela Polícia Civil.
A autoescola é a Nossa Senhora do Carmo, que fica na rua Capitão Zuzinha. Só ontem, pelo menos dez alunos prestaram queixa na Delegacia de Boa Viagem. Os boletins de ocorrência têm sido registrados como estelionato. O estudante João Victor Borba, 18, é um dos prejudicados. Ele se matriculou em março e chegou a ter aulas teóricas. Mas, quando foi marcar o teste, não teve êxito. “Houve enrolação e as aulas só começaram em maio. Agora, parou tudo”, lamentou, acrescentando que precisa da habilitação para atender aos requisitos de uma proposta de emprego.
Pior que ele está o monitor de câmeras Álvaro Oliveira. Mesmo já tendo pago a inscrição de cerca de R$ 1,3 mil, não teve uma aula sequer até agora. “E a empresa não quer nem devolver o dinheiro.”
A autoescola estava fechada na tarde de ontem. A delegada de Boa Viagem, Beatriz Leite, disse que está aguardando que mais vítimas apareçam. “Com isso, vamos abrir um inquérito”, explicou.
A pessoa denunciada é o proprietário da autoescola, Luciano Guedes. Por telefone ele disse que tenta reverter a suspensão do estabelecimento. “Sobre o dinheiro, se eu disser que tenho condições de devolver agora, não seria verdade. Pagamos aluguel e pessoal. O que estou tentando é ver a situação com o Detran”, afirmou.
O Detran informou que a suspensão terminará em 15 de agosto. Até lá, os alunos podem procurar a Unidade de Supervisão dos CFCs, no Detran, solicitar a desvinculação do seu processo e procurar outro estabelecimento. Sobre o valor investido, a autarquia disse que os candidatos devem procurar seus direitos junto a órgãos de defesa do consumidor.