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Brasil

Parada do Orgulho LGBT ocupa a Paulista com festa e recado político

O visível clima de festa não esconde o tom político da Parada: 'Poder para LGBTI+ Nosso voto, nossa voz', é o tema da 22ª edição da Parada de SP

Milhares de pessoas participam da 22ª Parada do Orgulho Gay, em São Paulo.Milhares de pessoas participam da 22ª Parada do Orgulho Gay, em São Paulo. - Foto: Miguel Schincariol / AFP

Os potentes alto-falantes do trio elétrico que abre a Parada do Orgulho LGBT de São Paulo ligaram o som por volta das 11h30, diante do Masp.

Desde as 10h a principal via da capital paulista recebe o público com a descontração que já é uma marca do evento: drags, muito arco-íris e fortões de pouca roupa.

O visível clima de festa não esconde o tom político da Parada: "Poder para LGBTI+ Nosso voto, nossa voz", é o tema da 22ª edição da Parada de SP, considerada a maior do mundo.

A arquiteta Mônica Tereza Benício, viúva da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), assassinada no Rio, participa da Parada. De cima do trio, Mônica lembrou da atuação de Marielle como mulher negra, lésbica e favelada.

"É importante saber em quem a gente vota. Vir para rua fazer festa e fazer revolução", disse. "O Brasil é um dos países que mais mata a sua população LGBT. Isso aqui é resistência política."

O vereador paulista Gilberto Natalini (PV) e o deputado federal Orlando Silva (PCdoB) também já falaram ao público, entre palmas e vaias.

"Nosso país está atravessando um momento muito difícil, precisamos resgatar muita coisa", disse a cabeleireira Tânia Vasconcelos, 54, vestida especialmente para a data: maiô, plumas e um chifre de veado.

"E para a preservação da fauna, em todos os sentidos", brinca ela.

"Vamos dar um soco no Congresso Nacional neste ano", disse a drag Tchaka, que assumiu os microfones no início da festa. Em seguida, o público puxou "Fora, Temer".

A organização da Parada já previa deste a semana passada uma queda de público como reflexo da paralisação dos caminhoneiros. Mas o público já é grande entre o Masp e a Fiesp.

"Nem a chuva me tira daqui", disse a estudante Mayara Gonçalves, 20, com o rosto pintado com as cores do arco-íris em glitter. Havia chance de chuva a partir das 13h, segundo a previsão.

São 18 trios previstos, que descem pela Paulista e avenida Consolação. O último trio deve chegar à Consolação às 18h.

Vaias

O prefeito Bruno Covas (PSDB) foi vaiado ao subir no caminhão de abertura da Parada do Orgulho LGBT, na avenida Paulista, neste domingo (3).

O caminhão de abertura recebeu políticos para as falas iniciais.

"Queria desejar um excelente evento. O meu compromisso é que no meu governo não vamos admitir preconceito na cidade de São Paulo", disse o prefeito, por volta das 13h. A vaia durou toda a fala do prefeito, que não respondeu.

Antes do discurso, Covas disse que a prefeitura manteve a mesma estrutura para a Parada apesar da expectativa de redução de público por causa de possíveis reflexos da paralisação dos caminhoneiros.

Foram mantidos 900 banheiros químicos e 39 bloqueios no entorno da avenida Paulista para evitar, segundo o prefeito, a venda de produtos ilegais.

Outros políticos também foram recebidos, como o vereador Toninho Vespoli (PSOL), os deputados Paulo Teixeira (PT) - que falou de identidade de gênero e contra o projeto Escola sem Partido-, Leci Brandão (PCdoB), Gustavo Peta (PCdoB) e Ivan Valente (PSOL).

A candidata à presidência pelo PCdoB, Manuela D'Avila, também subiu ao trio. "Nenhuma morte a menos", pediu.

Famosos

A 22ª edição da Parada do Orgulho LGBTQ conta com a presença de diversos convidados que abraçam a bandeira da diversidade.

As apresentações musicais ficaram a cargo das cantoras Anitta e Pabllo Vittar.

Defendendo a causa da celebração, Pabllo escolheu um look de militância para sua performance. A artista usou um casaco com capuz e uma saia longa estampados com manchetes de jornais relacionadas à homofobia. Por cima, os dizeres em vermelho: "Parem de nos matar".

Entre os famosos, estava a ex-BBB Ana Clara, presente no evento pela primeira vez, e a modelo e apresentadora Fernanda Lima. A apresentadora Regina Volpato saiu em um trio elétrico, como musa do "Bloco da Diversidade". Lorelay Fox, Lívia Andrade, Mari Xavier e Sérgio Orgastic também participaram da celebração.

Defensora da luta pelos direitos LGBTQ, a cantora Preta Gil posou para fotos com outras personalidades. A apresentadora Vivian Amorim, o cantor Mateus Carrilho e a rapper Gloria Groove estavam entre eles.

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