Câmara dos Vereadores do Recife discute saúde mental
Usuários da rede de atendimento cobraram nesta quarta-feira, 3, em audiência pública, melhores condições de atendimento
O Plenarinho da Câmara sediou nesta quarta-feira, 3, uma audiência pública para abordar sobre a Política de Saúde Mental e a questão das Redes de Atenção Psicossocial. Usuários dos Centros de Atendimento Psicossociais (CAPs) e representantes da Luta Antimanicomial cobravam respostas sobre o fechamento de duas unidades, na Ilha do Retiro e no IPSEP.
Estavam presentes profissionais da área psiquiátrica, a promotora da Saúde, Helena Capela, e a representante da Secretaria de Saúde do Recife (Sesau), Eliane Germano.
O Recife, que é referência na luta antimanicomial conta atualmente com 17 CAPs, sendo quatro 24h e três infantis. A assistente social Silvia Lucia Gomes defende a luta antimanicomial e cobra uma melhor estrutura dos centros, que, segundo ela, apresentam más condições tanto para os pacientes quanto para os funcionários. "O fechamento dessas unidades traz preocupação pela dignidade das pessoas que frequentavam, além de demonstrar um retrocesso para a luta antimanicomial", descreve, "esses espaços são como uma casa para alguns, que usufruem da liberdade de onde desejam se tratar".
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Em nota, a Sesau garante a acomodação para os atuais residentes em 50 casas de atendimento, e disponibiliza 20 vagas para novos moradores. A secretaria afirma que “não haverá mudança no modelo e cuidado psicossocial da Política de Saúde Mental da capital pernambucana” e nega a abertura de hospitais psiquiátricos no município, que permanecem fechados desde 2016. "Entendemos que aquela pessoa é um morador, que lida e convive com o seu entorno, e tentamos realizar a mudança da melhor forma possível para os residentes", afirmou Eliane Germano durante a assembleia.
A promotora da Saúde, Helena Capela, também cobrou respostas. O Ministério Público está averiguando o fechamento das duas unidades, que segundo ela, afeta toda a Rede de Atendimento Psicossocial. No próximo dia 15, haverá uma audiência com o secretário municipal de Saúde Jailson Correia e com as coordenações de saúde mental do Recife e do Estado. "O impacto dos fechamentos afeta não apenas no âmbito financeiro, em relação aos corte de gastos, mas também socialmente, na vida desses indivíduos", alega.

