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Entrevista

Com câncer de mama metastático, advogada atua na defesa de direitos de pacientes

Em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, Maria Paula relatou como foi receber o primeiro diagnóstico, há 15 anos, e como isso transformou sua trajetória profissional

Maria Paula, paciente oncológica há 15 anos e advogadaMaria Paula, paciente oncológica há 15 anos e advogada - Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

Paciente oncológica há 15 anos, a advogada Maria Paula compartilhou em entrevista à Rádio Folha FM 96,7, nesta sexta-feira (24), sua rotina com o câncer de mama, além de abordar seu trabalho de auxílio a outras mulheres em tratamento na busca por seus direitos. 

A ativista foi diagnosticada com câncer de mama localizado em 2011, quando tinha 24 anos.

O diagnóstico se agravou em 2016 com a descoberta do câncer metastático, fase mais avançada em que as células cancerosas se desprendem do tumor original e formam novos tumores em outras partes do corpo. 

"Foram dois diagnósticos avassaladores, mas diferentes. Como a gente tinha pouco acesso à informação na época, foi muito difícil. Era uma sentença de morte. Então eu me via recém-formada, recém-casada, foi muito difícil conviver com isso", iniciou.

"Mas quando eu fui diagnosticada com câncer de mama metastático - ou seja, quando não tem cura -, isso foi desafiador, um luto, mas também um impulso, porque eu teria que fazer o câncer acabar na minha rotina", completou a advogada.

As campanhas de conscientização, que ganham impulso durante o Outubro Rosa, incentivam a procura por exames e autocuidados.

As chances de conseguir a cura da doença a partir de um diagnóstico precoce aumentam de forma considerável.

Maria Paula caiu na porcentagem que não consegue a cura, apesar do diagnóstico precoce. Segundo a ativista, essa situação evidenciou a importância de viver o momento presente. 

"Precisamos ressignificar e ser generosos conosco. Eu tinha somente 29 anos quando fui diagnosticada com a forma incurável da doença. E com 29 anos eu não tinha realizado praticamente nenhum plano que tinha. E a gente precisa ser generoso com nossos planos, ajustar e cancelar. E é isso. Então eu tento no dia a dia dar o meu melhor", refletiu.

A rotina da advogada com o câncer de mama metastático inclui sessões de terapia, mas ela também prioriza a qualidade de vida por meio do trabalho e exercício físico.

"Eu vou tentando, de alguma forma, encaixar esse meu momento oncológico nos momentos não oncológicos também".

Trabalho 
O susto com a fase do câncer metastático foi ressignificado por Maria Paula. A advogada mudou a área de atuação do direito eleitoral para trabalhar com direito médico. 

Nesta função, Maria Paula auxilia pessoas que têm dificuldade, tanto com o plano de saúde como no sistema público, em questões relacionadas aos tratamentos, procedimentos e exames, além do respaldo em direitos como saque do FGTS e algumas isenções de imposto de renda.

"Precisamos lançar mão de todos os direitos que a gente tem e procurar também o serviço social para poder resolver administrativamente. Eu procuro mostrar às pessoas essas possibilidades de direitos, e quando esses direitos são negados, a gente precisa judicializar", afirmou. 

Acolhimento 
Maria Paula acumula mais de 30 mil seguidores em seu perfil no Instagram (@lencododia). A advogada compartilha sua rotina oncológica, seu trabalho profissional e também a rotina ativa que consegue manter. 

Com a divulgação das suas vivências, Maria Paula relata que se sente acolhida pelas pessoas que acompanham sua trajetória. 

"Eu me sinto acolhida e me sinto impulsionada a acolher. Então isso me ajuda a aderir melhor ao tratamento. Por vezes eu preciso fazer algumas cirurgias, a cada 21 dias eu faço quimioterapia, e essa troca me motiva a aderir mais ao tratamento e a hábitos melhores, como a prática exercício físico, e uma alimentação saudável", destacou.

Veja a entrevista na íntegra: 

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