Casa de Capiba aprovada para tombamento
Segundo a Fundarpe, técnicos concluíram que pedido de registro deveria ser acatado pelo valor imaterial agregado do imóvel
Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe) decidiu, nesta quarta (4), aceitar o pedido de tombamento da casa onde viveu o compositor Lourenço Fonseca Barbosa (1904-1997), Capiba, localizada no número 369 da rua Barão de Itamaracá, no bairro do Espinheiro, na Zona Norte do Recife. A solicitação havia sido protocolada junto ao órgão estadual, na última segunda-feira (2), pelo advogado e presidente do Instituto Maximiano Campos (IMC), Antônio Campos. Agora o imóvel obedece às mesmas prerrogativas de um bem tombado e não pode ter suas características alteradas.
De acordo com a presidente da Fundarpe, Márcia Souto, a decisão foi tomada, dentro do prazo previsto em lei, de 48 horas após o pedido, após análise da equipe técnica da Gerência de Preservação do Patrimônio da Fundação. O grupo elaborou uma nota técnica concluindo que a casa em questão deve ser tombada muito mais em função de seu valor imaterial agregado, por haver sido a residência do compositor Capiba, que a construiu, na década de 1940, e onde residiu com a esposa, Zezita Barbosa, até seu falecimento, há 20 anos. Ainda esta semana deve ser publicado no Diário Oficial do Estado o edital que determina o início do processo de tombamento.
Antônio Campos afirmou que o parecer foi acertado e lúcido. “O requerimento preenchia os requisitos legais e o imóvel onde Capiba morou tem notório valor cultural e histórico“, disse o advogado. “Por outro lado, torço para que a família de Capiba e o Governo do Estado cheguem a um entendimento no processo de desapropriação que se iniciou com o decreto desapropriatório”, acrescentou.
Ainda na segunda-feira, o Governo enviou um comunicado à imprensa anunciando a incorporação da antiga residência de Capiba ao patrimônio do Estado “com o objetivo de preservar e manter a memória artística de Pernambuco”. O decreto do governador Paulo Câmara foi publicado na edição de anteontem do Diário Oficial.
Acervo
Márcia Souto aproveitou a ocasião para lembrar que todo o acervo artístico relacionado ao compositor foi inventariado há quatro anos e o arrolamento se encontra na biblioteca da Fundarpe. Já o material - partituras, LPs, CDs, DVDs, livros, troféus e instrumentos musicais, entre outros objetos - está em poder da família do artista. Frente à possibilidade da criação de um memorial na casa de Capiba no Recife e de um museu dedicado ao músico em sua cidade natal, Surubim (Agreste, a 123 km da Capital), a presidente da Fundação explicou que ainda é cedo para determinar o destino do acervo.
“A gente não sabe ainda como vai se desenvolver esse processo. O Governo vai fazer um estudo para saber qual o melhor destino para esse material. Há várias possibilidades”, afirmou.

