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Caso Renata Alves: adiado júri popular de acusado de matar ex-companheira no Recife, em 2022

O julgamento só ocorrerá em fevereiro de 2026

Renata Alves foi encontrada morta no apartamento em Campo GrandeRenata Alves foi encontrada morta no apartamento em Campo Grande - Foto: WhatsApp/Reprodução

O júri popular do homem indiciado pelo feminicídio de Renata Alves Costa, em agosto de 2022, que ocorreria nesta terça-feira (16), foi adiado por pedido da defesa, que alegou questões de saúde da advogada do réu.

A nova data para o julgamento é 25 de fevereiro de 2026. 

Família e amigos de Renata chegaram, inclusive, a marcar protesto em frente ao Fórum Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra, Centro do Recife.

O réu é João Raimundo Vieira da Silva de Araújo, então namorado dela na época do crime.

Relembre o caso
Renata foi morta com um tiro na cabeça no apartamento onde morava, no bairro de Campo Grande, Zona Norte do Recife, aos 35 anos. Ela era administradora e convivia com um amplo histórico de violência doméstica e psicológica.

A vítima, inclusive, já havia sido agredida pelo então companheiro. No dia do crime, João Raimundo Vieira da Silva de Araújo cumpria prisão domiciliar pelas agressões, rompeu a tornozeleira eletrônica e assassinou Renata.

João Raimundo foi preso dois dias depois do crime em um aeroporto de Natal, no Rio Grande do Norte. Ele foi denunciado pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE) por feminicídio, sequestro e cárcere privado.

A mãe de Renata, Kátia Alves, espera "que seja feita a justiça" pela morte da filha.

"Renata está morta e o sofrimento causado para os familiares e amigos é irreparável. Mas o mais importante é ele pegar a pena máxima, porque quando sair da prisão fará o mesmo com outras mulheres”, afirmou, em comunicado enviado à imprensa.

"Não foi possível ouvir o tiro"
Em entrevista à Folha de Pernambuco na época do crime, o síndico do prédio, Telmo Rogério Farias, deu detalhes sobre o último dia da vítima. Segundo ele, Renata sempre foi "sorridente", e o casal demonstrava ser "tranquilo".

No dia do assassinato, não foi possível ouvir o disparo da arma por conta de um show que acontecia nas proximidades do prédio.

“Houve uma denúncia anônima, não sabemos quem foi que fez. Então, pedimos para o porteiro entrar em contato com todas as Renatas do condomínio. A denúncia que chegou foi que houve um assassinato dentro de um apartamento. Ninguém ouviu barulho, tinha show no Centro de Convenções, o barulho é grande, incomoda, chega aqui no prédio. O apartamento dela ficava de quina, não tem parede ao redor para dar indícios de um disparo. Ninguém escutou nada”, explicou. 

Luta que continua
Da dor e sentimento de injustiça da morte de Renata, nasceu a inspiração para ajudar mais e mais mulheres em situação de violência. Ela era amiga de Paula Limongi e Andréa Rodrigues, fundadoras do Instituto Banco Vermelho (IBV), que até hoje atua em Pernambuco e no restante do Brasil no combate ao feminicídio.

Equipamento simboliza o combate à violência contra a mulherEquipamento simboliza o combate à violência contra a mulher | Foto: Instituto Banco Vermelho/Divulgação

O objetivo é prevenir e conscientizar a população para que histórias como a de Renata não se repitam, e nenhuma mulher perca sua vida em um sistema condicionado que já está condicionado a violentá-la.

“Renata era uma menina brilhante, uma menina cheia de amigas, com sonhos, uma profissional excelente e que foi tirada da gente de forma brutal. Pernambuco é o estado que mais mata mulher no Nordeste. Neste ano de 2025, no mês de novembro, já ultrapassamos o número de vítimas referentes a 2024", começou a vice-presidente do Instituto Banco Vermelho, Paula Limongi.

"Que o julgamento de Renata seja uma resposta de que não toleramos mais mulheres sendo mortas. Esperamos que a justiça seja feita”, completou.

Atualmente, está em tramitação na Assembleia Legislativa de Pernambuco (Alepe) o Projeto de Lei (PL) nº 3567/2025 que institui o 6 de agosto, dia do crime contra Renata, como o Dia Estadual em Memória das Vítimas de Feminicídio – Lei Renata Alves. 

Como denunciar casos de violência contra a mulher
Pernambuco é um dos estados com mais casos de violência contra a mulher no país. Em 2024, a Central de Atendimento à Mulher fez 31.030 atendimentos a pernambucanas, um aumento de 40,6% com relação ao ano anterior. Os dados são da Secretaria de Comunicação Social do governo federal. 

Houve, ainda, um aumento de 16,3% no número de denúncias, passando de 3.963 em 2023 para 4.609 em 2024. Desses, 4.087 foram recebidas por telefone e 424, por WhatsApp.

Os dados apenas atestam uma realidade muito mais profunda de situações de violências vividas por mulheres dia após dia. 

Para denúncias, a vítima pode ligar gratuitamente para o 180 em qualquer lugar do Brasil, 24 horas, todos os dias da semana (inclusive finais de semana e feriados).

Em casos de emergência, deve ser acionada a Polícia Militar, por meio do telefone 190.

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