Dom, 07 de Dezembro

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CONFLITO

China diz que EUA têm 'mentalidade de Guerra Fria', após acordo para socorrer Argentina

Secretário do Tesouro americano disse em entrevista que Milei se comprometeu a 'tirar a China' do país depois de acerto para ajuda de US$ 20 bi

Bandeira da China e bandeira dos Estados UnidosBandeira da China e bandeira dos Estados Unidos - Foto: Pedro Pardo / AFP

A China acusou os Estados Unidos de promover uma intervenção típica da era da Guerra Fria na América Latina, depois que o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, afirmou que o presidente da Argentina estaria “comprometido em tirar a China do país”.

Bessent fez o comentário em entrevista à Fox News, na última quinta-feira, no momento em que os EUA oferecem uma linha de ajuda financeira de US$ 20 bilhões à Argentina. O presidente argentino, Javier Milei, deve se encontrar com Donald Trump na Casa Branca na próxima terça-feira.

As declarações “mais uma vez evidenciam a mentalidade da era da Guerra Fria que continua a caracterizar alguns funcionários dos Estados Unidos, movidos apenas por um espírito de confronto e intervenção nos assuntos de outras nações soberanas”, afirmou a embaixada chinesa em Buenos Aires, em publicação nas redes sociais neste sábado. A embaixada também acusou os EUA de “intimidação recorrente” contra países latino-americanos.

Ainda não está claro o que exatamente Washington pode exigir em troca do pacote de ajuda, anunciado com o objetivo de estabilizar o mercado financeiro argentino e apoiar Milei antes das eleições legislativas de 26 de outubro.

A rivalidade entre China e EUA tem se intensificado em toda a América Latina, à medida que Pequim amplia sua influência por meio de apoio econômico. A China se tornou um aliado estratégico da Argentina, oferecendo uma linha de US$ 18 bilhões, além de expandir o comércio e a construção de uma base de lançamento espacial na Patagônia.

Bessent destacou a riqueza da Argentina em minerais de terras raras, mencionando as recentes restrições impostas por Pequim. Antes da conclusão do acordo entre EUA e Argentina, na quinta-feira, Milei afirmou que Washington não condicionou sua ajuda ao fim do acordo com a China.

Na sexta-feira, Trump ameaçou impor uma tarifa adicional de 100% sobre produtos chineses, além de controles de exportação sobre softwares críticos a partir de 1º de novembro. Ele afirmou que poderia recuar caso a China suspenda suas restrições sobre os minerais raros.

A postura pró-EUA de Milei coloca o presidente argentino em uma situação delicada nas disputas comerciais entre as duas maiores economias do mundo. Após criticar duramente Pequim durante a campanha eleitoral, o líder libertário recuou e passou a chamar a China de “grande parceira comercial”.

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