Cientistas transformam célula da pele em óvulo e criam embrião em feito inédito
Ainda em estágio preliminar de pesquisas, técnica transforma células do corpo em gametas
Cientistas da Universidade Oregon Health & Science (OHSU), nos Estados Unidos, transformaram, pela primeira vez, células humanas da pele em óvulos. Em seguida, conseguiram fertilizá-los com espermatozoides, e alguns se desenvolveram em embriões, feito também inédito, obtido até então apenas com camundongos. O estudo foi publicado nesta terça-feira na revista científica Nature Communications.
O trabalho é do tipo prova de conceito, ou seja, buscou, de forma muito inicial, mostrar que algo é possível. Mas os pesquisadores estimam que levará pelo menos uma década até a abordagem ser considerada segura ou eficaz o suficiente para avançar para um ensaio clínico e posterior aprovação de agências reguladoras para uso na prática.
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Ainda assim, o feito é celebrado como um primeiro passo importante no campo da gametogênese in vitro, uma área da medicina que tem se tornado foco de pesquisadores de todo o mundo nos últimos anos. Seu objetivo é criar gametas (óvulos ou espermatozoides) em laboratório a partir de outras células do corpo, como as da pele.
— Além de oferecer esperança a milhões de pessoas com infertilidade por falta de óvulos ou espermatozoides, esse método permitiria a possibilidade de casais do mesmo sexo terem um filho geneticamente relacionado a ambos os parceiros — explica Paula Amato, professora de obstetrícia e ginecologia da Escola de Medicina da OHSU e autora do estudo.
Isso porque uma célula de um homem poderia ser transformada em um óvulo, por exemplo.
— Conseguimos algo que se acreditava ser impossível — celebra o autor sênior do estudo, Shoukhrat Mitalipov, diretor do Centro de Terapia Celular e Gênica Embrionária da OHSU.

