Sex, 05 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
narcotráfico

Colômbia pede à ONU que retire a coca da lista de substâncias proibidas

"A ciência mostrará que a folha de coca em si não é prejudicial à saúde", disse ministra

Plantações de coca são fotografadas no município de Teorama, região de Catatumbo, departamento de Norte de Santander, ColômbiaPlantações de coca são fotografadas no município de Teorama, região de Catatumbo, departamento de Norte de Santander, Colômbia - Foto: Raul Arboleda / AFP

A ministra das Relações Exteriores da Colômbia, Laura Sarabia, pediu nesta segunda-feira (10) à ONU em Viena que remova a folha de coca, o principal produto químico responsável pela cocaína, da lista de substâncias proibidas.

A ministra pediu à agência que exclua a planta "da lista das substâncias mais nocivas por razões científicas e práticas", em uma declaração feita durante uma sessão da Convenção sobre Entorpecentes.

"A ciência mostrará que a folha de coca em si não é prejudicial à saúde", disse Sarabia.

O governo do presidente Gustavo Petro tenta acabar com o estigma que pesa sobre essa planta, que misturada a produtos químicos em laboratórios se transforma na droga.

O primeiro presidente esquerdista do país insiste que os agricultores e indígenas que cultivam a planta são vítimas dos grandes traficantes de drogas.

Para as comunidades aborígenes, a folha de coca é sagrada e faz parte de sua cosmologia.

Sarabia insistiu que seu pedido "não implica" que o governo colombiano "deixe de erradicar" os cultivos ilícitos.

Ela também destacou que desde que Petro assumiu o poder, em 7 de agosto de 2022, até 31 de janeiro de 2025, as autoridades apreenderam mais de 1,9 milhão de quilos de cloridrato de cocaína e destruíram 454 laboratórios.

"Colocamos o foco na interdição de grandes remessas para os grandes traficantes para atingi-los onde mais dói: suas finanças", acrescentou.

Petro considera a guerra às drogas e sua abordagem punitiva um "fracasso".

Apesar de décadas de luta contra a máfia, a Colômbia continua sendo o maior produtor mundial de cocaína, uma fonte de financiamento para cartéis, grupos paramilitares e guerrilhas.

Em 2023, a produção no país atingiu o recorde de 2.600 toneladas, 53% a mais que no ano anterior, segundo a ONU.

Naquele ano, havia pelo menos 253.000 hectares plantados com folhas de coca.

Em 2011, a Bolívia decidiu se retirar da Convenção sobre Entorpecentes de 1961 para corrigir o "erro histórico" de incluir a coca na lista de substâncias proibidas. Na época governado pelo ex-presidente e líder dos produtores de coca Evo Morales, o país retornou ao acordo em 2013.

Veja também

Newsletter