Comissão do Senado diz que 464 brasileiros que estão em Israel e outros 50 no Irã querem deixar país
A situação no Oriente Médio piorou com a entrada dos EUA na guerra de Israel contra o Irã
A Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional (Creden) do Senado informou que 464 brasileiros que estão em Israel e cerca de 50 nacionais que se encontram no Irã manifestaram desejo de deixar esses países. Os números, segundo o colegiado, foram transmitidos à Creden pelo Itamaraty. Procurado, o Ministério de Relações Exteriores afirmou que não vai se pronunciar sobre eventuais planos para a repatriação de cidadãos.
No último fim de semana, a Embaixada do Brasil em Israel distribuiu um formulário, para que as pessoas interessadas em sair do país se registrassem.
Segundo dados obtidos pela comissão, procuraram a representação 33 brasileiros não-residentes, 161 binacionais brasileiros-israelenses, 112 brasileiros residentes, sete nacionais residentes indocumentados e 46 estrangeiros — familiares de brasileiros ou portadores do Registro Nacional de Migração (RNM).
Leia também
• ONU alerta sobre milhões de afegãos saindo do Irã rumo ao seu país por guerra com Israel
• Fim do conflito entre Irã e Israel depende de atuação dos EUA
• Os últimos acontecimentos na guerra entre Irã e Israel
Estima-se que cerca de 25 mil brasileiros vivem em Israel. No Irã, o total não chega a 200. Interlocutores do governo que acompanham o assunto dizem que grande parte dos nacionais que está no país persa já está enraizada.
— De maneira geral, preocupa-nos a situação dos brasileiros no Oriente Médio, tanto os que estão em Israel quanto os que estão no Irã. A escalada da violência reforça a necessidade de uma diplomacia ativa para garantir segurança e buscar um cessar-fogo urgente. Ninguém ganha com a guerra — disse o presidente da Creden, senador Nelsinho Trad (PSD/MS).
A situação no Oriente Médio piorou, com a escalada militar na região. Uma semana depois de Israel atacar o Irã, os Estados Unidos entraram na guerra e bombardearam o país, no sábado passado, alegando que é preciso destruir o programa nuclear iraniano.
A saída dos brasileiros de Israel está sendo negociada pelo Itamaraty com as autoridades israelenses e de outros países da região. Com o espaço aéreo fechado, o deslocamento deve ser feito por terra.
Duas delegações de autoridades brasileiras deixaram Israel de ônibus nos últimos dias. O primeiro grupo, formado por 12 pessoas, embarcou de volta ao Brasil em um avião fretado na Arábia Saudita. O segundo, com 27 integrantes, chegou à Jordânia semana passada, e iria voltar em voos comerciais.
No Irã, o caminho encontrado pelos brasileiros Antonio Hermínio Guerra Peixe e Silvio Tavares deixarem o país, por exemplo, foi seguir em direção à Armênia. Guerra relatou ao GLOBO que chegou a buscar abrigo na embaixada, depois que uma bomba caiu a cem metros do hotel para estrangeiros em que estava.
— Caiu uma bomba a cem metros de onde eu estava. Levei um susto, ao abrir a janela do quarto e ver tanta fumaça no local. Disseram que era um quartel de polícia — disse ele.
A Força Aérea Brasileira (FAB) informou que está de prontidão para participar de um processo de repatriação de brasileiros. Mas observou que depende de instruções do governo federal.
De acordo com interlocutores do governo, a Embaixada do Brasil no Irã fica no norte de Teerã, região que tem sido poupada dos ataques. Serviços básicos, como água, luz e gás, estão sendo fornecidos dentro da normalidade. No entanto, há instabilidade na internet.
A embaixada brasileira é chefiada pelo encarregado de negócios, Felipe Flores. O novo embaixador, André Eiras, deve assumir o posto nos próximos dias.
No domingo, o governo brasileiro divulgou uma nota condenando os ataques de Israel e dos EUA contra o Irã. O texto afirma que há desrespeito à soberania nos iranianos e ao direito internacional.

