Como o sistema de pagamentos em blockchain para os BRICS proposto pelo Brasil afeta a economia?
Descubra como essa iniciativa busca reduzir a dependência do dólar, agilizar transações e aumentar a competitividade dos países-membros
O Brasil, que assumiu a presidência rotativa dos BRICS em 1º de janeiro, planeja apresentar um projeto de sistema de pagamentos baseado em blockchain ao bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. A proposta faz parte de um esforço conjunto para reduzir a dependência do dólar em transações internacionais.
Baratear, assim, os custos de transferências e agilizar o processamento de remessas entre os países-membros. Essa pauta deve ser discutida na próxima cúpula, prevista para julho no Rio de Janeiro, e reflete a grande preocupação do grupo em buscar alternativas financeiras mais eficientes e menos suscetíveis a sanções externas.
Ao longo dos últimos anos, o aumento das taxas de juros norte-americanas, aliado a diversas sanções econômicas aplicadas pelos EUA, intensificou o interesse de potências como a Rússia e a China em diminuir o uso do dólar. O Brasil, por sua vez, busca apresentar a criação desse sistema de pagamentos em blockchain como um projeto que traga benefícios principalmente no âmbito da segurança.
O foco é a agilidade das transações, e não necessariamente ser uma tentativa de substituir o dólar. De acordo com fontes do governo, a ideia é ressaltar as vantagens do uso de uma tecnologia transparente e descentralizada, que pode reduzir custos e aumentar a competitividade dos países do bloco. Muitos países já estão aproveitando o que a blockchain tem para oferecer.
A adoção das moedas digitais e a busca por soluções tecnológicas não é apenas no Brasil. A natureza descentralizadas dos criptoativos permite que os brasileiros acessem mercados internacionais. As melhores corretoras de criptomoedas em Portugal também tem ganhado público no país. Essas plataformas podem ser alternativas para participar de negociações internacionais de forma simplificada.
Dados do Banco Central apontam que, desde 2022, houve um crescimento enorme no volume de operações relacionadas a criptoativos. Segundo o órgão, mais de R$ 20 bilhões em operações envolvendo criptomoedas foram registrados no país apenas no primeiro semestre de 2022, e atualmente esse número está na faixa de 200 bilhões por ano.
Impacto da proposta para a economia brasileira
A adoção de um sistema de pagamentos em blockchain, caso aprovada, vai impactar muito a economia brasileira. De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Brasil encerrou 2024 com uma inflação acumulada de 4,83% e teve crescimento do PIB em torno de 3,4%. Apesar disso, a busca por maior estabilidade e menores custos é um atrativo importante para empresas e investidores.
Como o projeto ainda está em fase de discussão, não está claro se a ferramenta do BRICS usará uma nova criptomoeda, stablecoins já existentes ou mesmo CBDCs (moedas digitais emitidas por bancos centrais). Porém, a perspectiva de um sistema unificado pode beneficiar as transações internacionais de exportadores e importadores, especialmente nos países membros do bloco.
No Brasil, o câmbio e as transferências internacionais ainda sofrem com burocracias e taxas relativamente altas, o que pode ser amenizado por meio de uma infraestrutura de pagamentos mais moderna.
Possível expansão do BRICS
Além de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, países como Egito, Etiópia, Irã e Emirados Árabes Unidos passaram a integrar o grupo em 2024. Outras economias também demonstraram interesse em participar do bloco, o que torna as discussões sobre um sistema de pagamentos ainda mais relevantes para unificar regras e facilitar acordos.
É esperado que o Brasil apresente seu plano enfatizando a transparência e a redução de barreiras comerciais, visando evitar atritos desnecessários com os EUA. Para os analistas, a criação de um mecanismo de pagamentos via blockchain dentro do BRICS poderia fomentar ainda mais o comércio bilateral entre os países do grupo.
O crescimento do comércio entre Brasil e China vem batendo recordes, superando a marca dos US$ 150 bilhões. Com uma plataforma digital unificada, a expectativa é de que esse volume possa crescer sem a burocracia costumeira dos processos tradicionais de remessa.
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