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ESTADOS UNIDOS

Congresso americano se prepara para votação decisiva sobre caso Epstein

Jeffrey Epstein se suicidou em sua cela em agosto de 2019, antes de enfrentar um julgamento federal por uma série de escândalos ligados à sua rede de menores de idade abusadas sexualmente

Uma pessoa passa por uma imagem do presidente dos EUA, Donald Trump, e de Jeffrey Epstein, juntamente com as palavras Uma pessoa passa por uma imagem do presidente dos EUA, Donald Trump, e de Jeffrey Epstein, juntamente com as palavras  - Foto: Anna Moneymaker/GETTY IMAGES NORTH AMERICA/Getty Images via AFP

O Congresso dos Estados Unidos prevê votar nesta terça-feira (18) um projeto de lei que exige a divulgação dos arquivos do caso Epstein, um desafio ao presidente Donald Trump, que exerceu forte pressão para impedir a liberação antes de ceder.

O magnata e criminoso sexual Jeffrey Epstein se suicidou em sua cela em agosto de 2019, antes de enfrentar um julgamento federal por uma série de escândalos ligados à sua rede de menores de idade abusadas sexualmente por ele e alguns de seus convidados, em muitos casos personalidades mundiais.

Após semanas de resistência, pressão nos bastidores e uma frenética campanha contra a divulgação do material, Trump desistiu no domingo, quando ficou claro que uma centena de seus correligionários no Congresso estavam dispostos a desafiá-lo.

"Os republicanos da Câmara deveriam votar pela divulgação dos arquivos de Epstein, porque não temos nada a esconder", escreveu o presidente americano em sua plataforma Truth Social.

A Câmara dos Representantes pode aprovar a chamada Lei de Transparência dos Arquivos Epstein, que obrigaria o Departamento de Justiça a publicar documentos não confidenciais que detalham a investigação sobre as operações do financista e sua morte.

O caso revelou fissuras no apoio ao líder republicano, que se candidatou com a promessa de publicar os arquivos, mas voltou atrás após assumir o cargo em janeiro. Alguns críticos acusavam o presidente de querer impedir a votação para ocultar elementos que o envolveriam no caso, algo que ele nega.

Os democratas, na oposição e em minoria no Congresso, agora exigem que todo o dossiê seja publicado, após a divulgação de e-mails de Epstein que mencionam Trump.

Nestes documentos, que vieram à tona na última quinta-feira, o criminoso sexual sugeria que o mandatário "sabia sobre as garotas" e passou horas com uma das vítimas em sua casa.

Mas o presidente, que não enfrenta nenhuma investigação judicial por este caso, insistiu na sexta-feira que não sabia de nada a respeito e contra-atacou exigindo uma investigação sobre a relação entre Epstein e algumas personalidades democratas, incluindo o ex-presidente Bill Clinton (1993-2001).

Epstein e Trump eram próximos na década de 1980, quando ambos eram empresários importantes em Nova York, mas romperam relações no início dos anos 2000.

Trump diz que não vetará 
Quando morreu, Epstein enfrentava um julgamento federal por uma suposta operação de tráfico sexual para exploração de meninas e jovens mulheres, após uma condenação em 2008 por solicitação de prostituição, incluindo uma menor.

O FBI e o Departamento de Justiça disseram em julho que realizaram uma "revisão abrangente" do arquivo do caso que não revelou "nenhuma base para revisar a divulgação" de qualquer material.

Os legisladores que apoiam a divulgação do material afirmam que o público merece respostas em um caso com mais de 1.000 supostas vítimas. Por outro lado, ativistas pró-Trump insistem que os arquivos devem expor democratas e figuras influentes.

Se o projeto de lei passar na Câmara dos Representantes, os democratas planejam uma campanha agressiva para pressionar os republicanos a levá-lo ao plenário do Senado.

Trump ainda pode tentar bloquear a divulgação dos arquivos, mas enterrar o projeto no Senado ou vetá-lo seria difícil de defender antes das eleições de meio de mandato, em 2026.

"Estou completamente de acordo", disse Trump no Salão Oval na segunda-feira, quando os jornalistas questionaram se ele assinaria o texto para transformá-lo em lei caso fosse aprovado pelo Senado.

Essa mudança de opinião do presidente é vista com desconfiança pelas vítimas de Epstein.

"Não consigo evitar ser cética sobre quais são suas intenções", afirmou Haley Robson, recrutada aos 16 anos para fazer massagens no ex-financista. "Estou traumatizada, mas não sou burra", acrescentou em uma coletiva de imprensa realizada antes da votação.

A congressista Marjorie Taylor Greene, do movimento de extrema direita MAGA, a quem Trump retirou seu apoio no sábado, disse nessa coletiva que a ruptura com o presidente "se deve aos arquivos de Epstein".

Após a esperada votação no Congresso, "o verdadeiro teste será se o Departamento de Justiça divulgará os arquivos ou se tudo continuará bloqueado", apontou Greene.

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