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GUERRA

Cruz Vermelha expressa preocupação com reféns israelenses em Gaza

A primeira fase da trégua permitiu, até o momento, cinco trocas de reféns por detentos palestinos. O estado debilitado dos reféns israelenses libertados também provocou indignação no país

Paramédicos da Cruz Vermelha Libanesa transportam um corpo desenterrado dos escombros no local de um ataque aéreo israelense Paramédicos da Cruz Vermelha Libanesa transportam um corpo desenterrado dos escombros no local de um ataque aéreo israelense  - Foto: Fathi Al-Marsri/AFP

O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) expressou nesta sexta-feira (14) sua preocupação com os reféns em Gaza, antes da libertação de três pessoas prevista para sábado, como parte do frágil cessar-fogo em vigor entre Israel e Hamas.

Israel condicionou a continuidade da trégua em Gaza à libertação no sábado de três reféns israelenses vivos pelo movimento islamista palestino, que os sequestrou durante o ataque surpresa de 7 de outubro de 2023.
 

O Hamas, que governa o território costeiro desde 2007, havia anunciado no início da semana que adiaria a troca de reféns por prisioneiros palestinos, alegando supostas violações israelenses do acordo.

O cessar-fogo, negociado com a ajuda dos Estados Unidos, Catar e Egito, entrou em vigor em 19 de janeiro e acabou com mais de 15 meses de guerra entre Israel e Hamas.

O acordo, no entanto, também está sob forte pressão desde que o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, propôs que seu país assuma o controle de Gaza, assim como a transferência da população do território.

A primeira fase da trégua permitiu, até o momento, cinco trocas de reféns por detentos palestinos. As libertações representaram alívio para as famílias, mas o estado debilitado dos reféns israelenses libertados também provocou indignação no país.

"As últimas operações de libertação reforçam a necessidade urgente de que o CICV possa ter acesso aos reféns", indicou o Comitê Internacional da Cruz Vermelha, que facilitou as trocas. "Estamos muito preocupados com a situação dos reféns", acrescentou em um comunicado difundido na rede social X.


Calendário
O CICV já havia solicitado que as trocas de reféns israelenses por presos palestinos aconteçam em cerimônias "privadas".

Na troca da semana passada, três reféns israelenses foram exibidos em um pódio e obrigados a falar durante uma cerimônia organizada por milicianos armados do Hamas com os rostos cobertos. Os três estavam visivelmente exaustos e muito debilitados pelas dificuldades que enfrentaram no cativeiro.

O movimento islamista, classificado como uma "organização terrorista" por Israel, Estados Unidos e União Europeia, enfatizou que está comprometido a respeitar a trégua e organizar a próximo troca "segundo o calendário previsto".

"Desejamos aplicar (o acordo de cessar-fogo) e obrigar a ocupação a cumpri-lo plenamente", declarou um porta-voz do Hamas, Abdel Latif al Qanu.

O porta-voz do governo de Israel, David Mencer, advertiu na quinta-feira que o acordo "estabelece claramente que três reféns vivos devem ser libertados no sábado" pelo Hamas.

Caso os três sequestrados não sejam libertados até meio-dia de sábado, "o cessar-fogo terminará", ameaçou.

O Hamas acusou Israel de adiar a entrega de equipamentos necessários para limpar os escombros deixados pela guerra.

O governo israelense afirmou nesta sexta-feira que os equipamentos não entrarão pela passagem de Rafah, no sul do território, fronteiriça com o Egito.


"Jogos de poder"
Trump advertiu esta semana que provocaria um "inferno" se o Hamas não libertasse "todos" os reféns restantes antes do meio-dia de sábado.

O presidente republicano propôs assumir o controle de Gaza e transferir seus 2,4 milhões de habitantes para o Egito e a Jordânia, o que provocou uma onda de repúdio no planeta.

O chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Marco Rubio, tem viagens programadas para Israel, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos para discutir a trégua, depois de participar da Conferência de Segurança de Munique no fim de semana.

Mairav Zonszein, do International Crisis Group, afirmou que, apesar de suas disputas públicas, Israel e Hamas continuam interessados em manter a trégua.

"São apenas jogos de poder", afirmou.

A guerra em Gaza começou em 7 de outubro de 2023, após o ataque do Hamas no sul de Israel, que deixou 1.211 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais.

Os milicianos sequestraram 251 pessoas no mesmo dia, das quais 73 permanecem em Gaza, incluindo 35 que faleceram, segundo o Exército israelense.

A ofensiva israelense lançada em resposta deixou pelo menos 48.222 mortos em Gaza, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.

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