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Dengue: criança de 11 anos que morreu em São Paulo não tinha sido vacinada

Menina é a primeira vítima fatal pela doença em 2025 na capital paulista

Vacina contra a dengueVacina contra a dengue - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

A menina de 11 anos que morreu por dengue em São Paulo não havia sido vacinada. O óbito foi o primeiro pela doença na capital paulista em 2025. A vítima era moradora da região de Ermelino Matarazzo, na zona Leste da cidade.

Segundo a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), por meio da Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa), a morte ocorreu no último dia 30. Em nota, a pasta afirma que "não consta registro de vacina de dengue na rede municipal de São Paulo pelo Sistema Integrado de Gestão de Assistência (Siga) para a criança" e que "lamenta profundamente a perda".

A faixa etária da vítima, porém, é elegível à vacinação no Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante é ofertado aos jovens de 10 a 14 anos em 1.932 municípios selecionados pelo Ministério da Saúde, entre eles a capital paulista, devido à alta carga de dengue.

No entanto, a adesão à proteção está baixa: apenas 37% do público-alvo definido pelo governo foi contemplado em âmbito nacional. Na cidade de São Paulo, somente 38% do público estimado em 600 mil pessoas recebeu a primeira dose, e 20% completou o esquema vacinal.

A vacina utilizada no SUS é a Qdenga, da farmacêutica japonesa Takeda. Nos 12 meses após as duas doses, o imunizante demonstrou uma eficácia de 80,2% para evitar casos de dengue e de 90,4% para prevenir hospitalizações, segundo dados publicados na revista científica The Lancet.

Um acompanhamento mais longo, de 4,5 anos, publicado no periódico The Lancet Global Health, mostrou que a eficácia caiu com o tempo, mas permaneceu alta: 61,2% para evitar a infecção e 84,1% para casos graves.

A proteção é importante especialmente em meio à temporada de dengue no Brasil, que acontece durante o verão. Segundo dados do Painel de Monitoramento de Arboviroses, do Ministério da Saúde, até o último dia 8 já foram registrados 257,3 mil casos de dengue no país e 72 mortes, além de outras 290 em investigação.

Os números nacionais estão abaixo do observado no mesmo período de 2024, ano em que o país bateu recordes históricos com 6,6 milhões de infecções e 6,2 mil vidas perdidas. Na mesma época, o país registrava quase 700 mil infecções e 617 óbitos. Ainda assim, os registros de 2025 estão acima daqueles do início de 2023 e da média de outros anos da série histórica.

Na capital paulista, segundo o painel de monitoramento da Secretaria Estadual de São Paulo (SES-SP), foram contabilizados 4,5 mil casos de dengue até agora. Além da morte da menina em Ermelino Matarazz, há outros 12 óbitos em investigação. Assim como no cenário geral, a cidade vive um início de ano melhor que o do ano passado, quando foram 16,8 mil infecções e 14 fatalidades no mesmo período.

Já o Estado de São Paulo apresenta uma tendência diferente da observada na capital e no país, com uma alta de casos que está acima da registrada em 2024. Até agora, o estado já contabiliza 150,5 mil infecções e 56 mortes. No mesmo período do ano passado, eram 102,7 mil casos. Até esta terça-feira, 56 municípios paulistas já decretaram emergência pelo avanço da doença.

A vacinação é ofertada apenas nos adolescentes de municípios selecionados pelo governo devido à limitação da farmacêutica em produzir um quantitativo maior de doses. No ano passado, quando a campanha, a primeira do mundo contra a dengue, teve início, o país recebeu 6,6 milhões de doses, suficiente para proteger 3,3 milhões de brasileiros.

Para este ano, são esperadas mais 9 milhões de doses, que podem imunizar 4,5 milhões de pessoas. A faixa etária alvo na campanha do SUS -- 10 a 14 anos -- foi escolhida pelo Ministério da Saúde por ser aquela que apresenta maior taxa de hospitalização pela dengue após os idosos, que não podem ser vacinados pela Qdenga ter sido aprovada pela Anvisa apenas entre 4 e 60 anos.

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