Dislexia: veja sintomas, causas e tratamentos
Sinais do transtorno costumam aparecer antes e durante a alfabetização
A dislexia é um transtorno de leitura e escrita de origem neurobiológica em que a pessoa tem dificuldade de reconhecimento de palavras e associação com sons. O transtorno afeta a velocidade de aprendizado e geralmente apresenta os primeiros sintomas antes da alfabetização.
De acordo com a Associação Brasileira de Dislexia, o transtorno acomete de 0,5% a 17% da população mundial — a porcentagem varia de acordo com a complexidade da língua falada em cada país. A condição costuma ser detectada na infância e pode persistir na vida adulta.
Quais os sintomas da dislexia?
Os primeiros indícios de dislexia podem surgir no processo de alfabetização ou até antes, já que há uma conexão muito forte entre fala, leitura e escrita, mas é visto com mais clareza quando a criança começa a se alfabetizar, porque pode apresentar dificuldade de relacionar os sons às palavras.
A fonoaudióloga Giovana Cerqueira, especialista em dificuldades de aprendizagem, prevenção e educação, afirma que os primeiro sinais manifestados antes da alfabetização são:
- Dispersão;
- Atraso de fala e linguagem;
- Dificuldades na coordenação motora, com quebra-cabeças e em acompanhar cantigas infantis;
- Problemas com rimas;
- Falta de interesse por livros
- Dificuldade de organização espacial.
Já em idade escolar, os sintomas da dislexia podem ser:
- Dificuldade no reconhecimento de letras e números, bem como no desenvolvimento de leitura e escrita;
- Confusão ao reconhecer direita e esquerda;
- Dificuldade em manusear mapas e dicionários;
- Atrasos na entrega de atividades escolares;
- Vocabulário pobre, com frases curtas e imaturas ou longas e vagas;
- Dificuldade de acompanhar legendas por conta da velocidade;
- Achar desafiador aprender línguas estrangeiras;
Em muitos casos, é possível perceber que a criança leia devagar e tenha dificuldade de interpretar as informações, por precisar de muita concentração para a atividade. Muitas vezes, preferem que outras pessoas leiam para elas.
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— Na época da alfabetização, é muito comum que os pais conversem com os professores. Quando o filho tiver muita dificuldade ou irritabilidade naquele momento, é importante perguntar — explica Dídia Fortes, médica da equipe de Neuropsicologia do CNA/IDOR.
O que pode causar a dislexia?
A dislexia é uma deficiência neurobiológica causada por uma alteração cromossômica hereditária. A psiquiatra Dídia Fortes recomenda que os profissionais observem sempre se os pais têm o transtorno, o que ocorre em metade dos casos. A produção excessiva de testosterona pela mãe durante a gestação pode estar relacionada com o desenvolvimento da condição, apontam pesquisas recentes.
A fonoaudióloga Giovana Cerqueira aponta que há hipóteses de que a dislexia possa afetar o desenvolvimento do sistema nervoso central, causando comunicação pouco eficaz entre alguns neurônios e/ou alteração na estrutura cerebral.
O desenvolvimento do transtorno também pode afetar o emocional da criança, como um impacto na autoestima, aumentando o risco para um quadro depressivo, e pode ser indicativo de outro transtorno que se manifesta em paralelo:
— O déficit de atenção é comum acontecer em comorbidade com a dislexia. Se tiver dificuldade de leitura e escrita e, somado a isso, uma desatenção importante, prejudica ainda mais o rendimento para ler e escrever — afirma a psiquiatra Dídia Fortes.
Como é feito o tratamento da dislexia?
O tratamento de crianças com dislexia começa com o diagnóstico, que deve ser feito por uma fonoaudióloga. Ela é capaz de mensurar todas as etapas de leitura e escrita para fazer o treinamento, como discriminação de sons, lateralidade e relação do som com a letra, a depender do grau do transtorno.
Entretanto, o diagnóstico só pode ser oficializado seis meses depois da alfabetização, mas o acompanhamento deve começar desde a manifestação dos primeiros sintomas.
Como a condição também pode estar associada a dificuldades de aprendizado, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), requer também atuação de um psiquiatra. A equipe multidisciplinar deve ter neuropsicólogo, psicopedagogo, psicólogo e médicos, como pediatra, neuropediatra, neurologista e/ou psiquiatra.
— Quanto mais precoce o diagnóstico, melhor. Tem uma questão de plasticidade cerebral que, quanto mais cedo a gente atua, com estimulação e ensinando formalmente com fonoaudióloga, elas vão aprendendo o que outras crianças já fazem naturalmente — conta Fortes.
Existe prevenção para a dislexia?
Não. O que pode ser feito é a detecção precoce do transtorno para minimizar as consequências das disfunções nos âmbitos escolar e pessoal da criança.

