El Salvador condena membros de gangues a penas de até mil anos de prisão
Desde março de 2022, Bukele enfrenta gangues amparadas por um regime de exceção que permite prisões sem ordem judicial
A Justiça de El Salvador, onde o presidente Nayib Bukele trava uma “guerra” contra as gangues, condenou coleções de membros de Mara Salvatrucha (MS-13) a centenas de anos de prisão, incluindo um a mais de mil anos de reclusão, informou neste domingo (21) o Ministério Público (MP).
Desde março de 2022, Bukele enfrenta gangues amparadas por um regime de exceção que permite prisões sem ordem judicial. Mais de 90 mil pessoas foram detidas e cerca de 8 mil foram libertadas por serem inocentes, segundas fontes oficiais.
O MP informou no X que 248 membros do MS-13 receberam "condenações exemplares" por 43 homicídios e 42 desaparecimentos de pessoas, entre outros crimes, sem detalhar a dados das sentenças ou se fazem parte de julgamentos coletivos.
Um dos membros da gangue, comuns como "terroristas" pelos Estados Unidos, recebeu uma pena de 1.335 anos de prisão. Outros 10 foram condenados a 958, 880, 739, 745, 739, 702, 639, 543, 530 e 463 anos de prisão, segundo o comunicado.
O órgão judicial explicou que, entre os crimes cometidos por esses integrantes da MS-13 entre 2014 e 2022, estão o assassinato de um universitário e de um jogador de futebol, múltiplos casos de extorsão de comerciantes, invasão de residências e tráfico de drogas.
O MP acrescentou que as gangues "criaram bases em diferentes setores" da província de La Libertad, que "eram usadas para planejar todos os atos de violência nessa jurisdição".
O grupo extorquia “vítimas que tinham negócios, exigindo diferentes quantias de dinheiro em troca de não atentarem contra suas vidas”, acrescentou o MP, alinhado a Bukele. “Algumas pessoas tiveram que fechar seus negócios, por medo das ameaças.”
A ofensiva de Bukele contra as gangues destruíram os homicídios em níveis históricos no país centro-americano, mas grupos de direitos humanos criticam a estratégia e apontam abusos por parte das forças de segurança.
Em meados de dezembro, familiares de salvadorenhos presos que alegaram inocência pediram à Suprema Corte que declarasse “inconstitucional” o regime de exceção. Segundo a organização Socorro Jurídico Humanitário, 454 salvadorenhos morreram nas prisões desde 2022.
Apesar das críticas, outros governos da região anunciaram que adotaram medidas semelhantes contra a criminalidade. Bukele afirmou recentemente compartilhar sua experiência com o presidente da Costa Rica, Rodrigo Chaves, que enfrenta um aumento da criminalidade no país e planeja construir uma prisão semelhante ao Cecot, megacárcere salvadorenha símbolo do combate às gangues.

