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AMÉRICA DO SUL

ELN ordena confinamento de população no noroeste da Colômbia em meio a onda de violência

País atravessa seu pior pico de violência da última década

Detalhe da arma de um rebelde da patrulha do Exército de Libertação Nacional (ELN)Detalhe da arma de um rebelde da patrulha do Exército de Libertação Nacional (ELN) - Foto: Daniel Munoz/AFP/arquivo

O Exército de Libertação Nacional (ELN) ordenou o confinamento da população civil no noroeste da Colômbia a partir desta sexta-feira (2) por três dias, em meio a uma recente onda de assassinatos contra militares e policiais.

O país atravessa seu pior pico de violência da última década, com negociações frustradas entre o governo e as organizações ilegais mais poderosas.

A governadora do departamento do Chocó (noroeste), Nubia Córdoba, denunciou nesta sexta-feira, na rede social X, uma "nova escalada de violência" na região em confrontos entre a guerrilha e o Clã do Golfo, o principal grupo narcotraficante da Colômbia.

Em um comunicado divulgado na quinta-feira, a Frente de Guerra Ocidental do ELN anunciou a proibição de "qualquer tipo de mobilidade" no rio Baudó e seus afluentes, uma área sem estradas onde a população se desloca exclusivamente pelo rio.

Segundo a guerrilha, o confinamento foi ordenado para "evitar que a população civil seja afetada" durante os enfrentamentos com o Clan do Golfo, de origem paramilitar.

Ambos os grupos disputam o controle desta zona chave para o tráfico de cocaína.

Conhecidas como "ataques armados", as restrições à mobilidade civil são comuns nas regiões dominadas pelo ELN.

O anúncio ocorre dias depois que o presidente esquerdista, Gustavo Petro, denunciou o "assassinato sistemático" do ao menos 27 policiais e militares nas últimas semanas sob um "plano de armas", no estilo do falecido barão da cocaína Pablo Escobar.

O presidente atribuiu algumas das mortes a dissidentes das extintas guerrilhas das Farc e do Clã do Golfo.

Desde meados de janeiro, o governo também está liderando uma ofensiva contra o ELN em uma região na fronteira com a Venezuela conhecida como Catatumbo, após uma sangrenta investida da guerrilha contra um grupo dissidente das Farc que deixou mais de 70 mortos e 55.000 deslocados.

Sob a bandeira de uma política de "paz total", Petro chegou ao poder em 2022 com o propósito de extinguir o conflito armado interno, que continuou após o acordo de paz com as FARC em 2016.

No entanto, em seu mandato, os grupos armados, financiados pelo tráfico de drogas, se fortaleceram. Cerca de 22.000 combatentes estão alimentando a guerra de meio século, de acordo com dados oficiais, em uma época de produção recorde de cocaína registrada pela ONU.

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