Sáb, 06 de Dezembro

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Enamed será obrigatório? Saiba como será a prova para avaliar qualidade dos cursos de Medicina

Exame também será voltado para o processo de seleção para residências médicas no país

EstetoscópioEstetoscópio - Foto: internet

A criação do Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed) foi anunciada pelo Ministério da Saúde e o Ministério da Educação nesta última quarta-feira, com o intuito de avaliar a qualidade dos cursos de Medicina e do processo de seleção para residências médicas no país.

O teste vai unificar o Exame Nacional de Desempenho Estudantil (Enade), que avalia o conhecimento do formando, com o Exame Nacional de Residência (Enare), que seleciona aqueles que entrarão nas residências.

Dados do Exame Nacional de Desempenho Estudantil (Enade) de 2023 mostram que os cursos de Medicina pioraram em relação à última avaliação, realizada em 2019. Há dois anos, 20% não atingiram patamar considerado satisfatório. Quatro anos atrás, essa proporção era de 13%.

Atualmente, há 390 faculdades de medicina no país, sendo 80% privado, que movimentam cerca de R$ 26,4 bilhões por ano, o equivalente a 40% do mercado de ensino superior.

Confira abaixo as principais dúvidas sobre o novo exame, criado em meio às preocupações em relação à qualidade desses cursos:

Por que o exame foi criado?
Especialistas apontam que as novas instituições não têm garantido estrutura de laboratórios adequados, professores preparados e até vagas de estágio suficientes e de qualidade — oferta de cursos passou de 181, em 2010, para 401, em 2023, um aumento de 127% em 13 anos. Além de verificar se os estudantes concluintes dos cursos de Medicina adquiriram as competências e habilidades, o exame busca fortalecer o SUS e apoiar a residência médica.

Como será a prova?
A partir de agora, os cursos de Medicina, assim como as licenciaturas, passarão a ter um modelo de prova próprio. A aplicação será conduzida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A prova terá 100 questões de múltipla escolha — o Enade tinha 40 — e abarcará todas as áreas de referência da matriz curricular dos cursos de Medicina.

Quem poderá participar?
O Enamed será obrigatório a todos os estudantes concluintes dos cursos de Medicina. Formandos e já diplomados que desejam entrar em residências médicas também podem se inscrever para realizar a prova. A expectativa é que cerca de 300 instituições se inscrevam para a edição deste ano, com 42 mil formandos. Os coordenadores dos cursos serão os responsáveis pela inscrição dos alunos.

Quando irá acontecer?
Anualmente, e não mais a cada três anos, como acontece com o restante das graduações. A edição deste ano está prevista para outubro.

Quanto irá custar?
Para utilizar os resultados do Enamed para o Enare, é necessário pagar uma taxa de inscrição, conforme editais a serem divulgados pelo Inep e pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). No último exame, a taxa foi de R$ 330. Os estudantes inscritos no Enade que não pretendem utilizar os resultados da prova da Enamed para ingressar na residência, via Enare, estão isentos dessa taxa inscrição.

Haverá reprovação?
Não. A prova apenas avalia o aprendizado do formando e também seleciona para as residências médicas. No entanto, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, amparada pelo interesse do Conselho Federal de Medicina (CFM), busca a criação de um Exame Nacional de Proficiência em Medicina, como a prova feita pela da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que impediria os reprovados de atuar de qualquer maneira na profissão.

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