Enamed será obrigatório? Saiba como será a prova para avaliar qualidade dos cursos de Medicina
Exame também será voltado para o processo de seleção para residências médicas no país
A criação do Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed) foi anunciada pelo Ministério da Saúde e o Ministério da Educação nesta última quarta-feira, com o intuito de avaliar a qualidade dos cursos de Medicina e do processo de seleção para residências médicas no país.
O teste vai unificar o Exame Nacional de Desempenho Estudantil (Enade), que avalia o conhecimento do formando, com o Exame Nacional de Residência (Enare), que seleciona aqueles que entrarão nas residências.
Leia também
• Novo exame para avaliar alunos de Medicina no País será porta de entrada para residência
• MEC vai avaliar qualidade de cursos de medicina anualmente
Dados do Exame Nacional de Desempenho Estudantil (Enade) de 2023 mostram que os cursos de Medicina pioraram em relação à última avaliação, realizada em 2019. Há dois anos, 20% não atingiram patamar considerado satisfatório. Quatro anos atrás, essa proporção era de 13%.
Atualmente, há 390 faculdades de medicina no país, sendo 80% privado, que movimentam cerca de R$ 26,4 bilhões por ano, o equivalente a 40% do mercado de ensino superior.
Confira abaixo as principais dúvidas sobre o novo exame, criado em meio às preocupações em relação à qualidade desses cursos:
Por que o exame foi criado?
Especialistas apontam que as novas instituições não têm garantido estrutura de laboratórios adequados, professores preparados e até vagas de estágio suficientes e de qualidade — oferta de cursos passou de 181, em 2010, para 401, em 2023, um aumento de 127% em 13 anos. Além de verificar se os estudantes concluintes dos cursos de Medicina adquiriram as competências e habilidades, o exame busca fortalecer o SUS e apoiar a residência médica.
Como será a prova?
A partir de agora, os cursos de Medicina, assim como as licenciaturas, passarão a ter um modelo de prova próprio. A aplicação será conduzida pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). A prova terá 100 questões de múltipla escolha — o Enade tinha 40 — e abarcará todas as áreas de referência da matriz curricular dos cursos de Medicina.
Quem poderá participar?
O Enamed será obrigatório a todos os estudantes concluintes dos cursos de Medicina. Formandos e já diplomados que desejam entrar em residências médicas também podem se inscrever para realizar a prova. A expectativa é que cerca de 300 instituições se inscrevam para a edição deste ano, com 42 mil formandos. Os coordenadores dos cursos serão os responsáveis pela inscrição dos alunos.
Quando irá acontecer?
Anualmente, e não mais a cada três anos, como acontece com o restante das graduações. A edição deste ano está prevista para outubro.
Quanto irá custar?
Para utilizar os resultados do Enamed para o Enare, é necessário pagar uma taxa de inscrição, conforme editais a serem divulgados pelo Inep e pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). No último exame, a taxa foi de R$ 330. Os estudantes inscritos no Enade que não pretendem utilizar os resultados da prova da Enamed para ingressar na residência, via Enare, estão isentos dessa taxa inscrição.
Haverá reprovação?
Não. A prova apenas avalia o aprendizado do formando e também seleciona para as residências médicas. No entanto, a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) do Senado, amparada pelo interesse do Conselho Federal de Medicina (CFM), busca a criação de um Exame Nacional de Proficiência em Medicina, como a prova feita pela da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), que impediria os reprovados de atuar de qualquer maneira na profissão.

