Entenda como é feita a perícia dos mortos de megaoperação
Ao todo, 10 médicos fazem a análise dos corpos e das roupas, seguindo um extenso protocolo de inspeção
Legistas do Instituto Médico Legal do Centro do Rio se voluntariaram para trabalhar fora do plantão e conseguir documentar, de forma mais rápida, os registros de óbitos da operação de terça-feira. Ao todo, 10 médicos fazem a análise dos corpos e das roupas, seguindo um extenso protocolo de inspeção.
Ao Globo, um legista, em anonimato, explicou todo o procedimento.
Segundo ele, sete salas do IML estão sendo usadas pela equipe. Todos os corpos são fotografados com vestes e, depois, nus — as roupas também são fotografadas separadamente. Em seguida, os corpos são lavados para que os ferimentos sejam descritos detalhadamente.
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Depois, todos são submetidos a exames residuográficos nas mãos. Essa apuração identifica se há vestígios de pólvora, consequência de disparo de arma de fogo. Posteriormente, os corpos são radiografados.
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Todo esse material está sendo anexado ao lado de cada morto. Há ainda dois médicos do Ministério Público, legistas aposentados, acompanhando os exames.
— Além de identificar a causa da morte, a gente está procurando sinais de tiro a curta distância, sinais de algemas e outros que revelem agressões. Como são muitas etapas, o ritmo está mais lento, e isso impacta na identificação dos mortos porque só depois da necrópsia é realizada a coleta da impressão digital — explica o médico.
Até o momento, 80 corpos já foram periciados — 119 suspeitos foram mortos na operação.

