"Foi como uma explosão": Pânico e confusão no epicentro do terremoto na Argentina
Em localidades do departamento de Famatina, onde vivem cerca de 2.200 pessoas, foi registrado um terremoto de magnitude 5,9 na escala Richter
“Desde o terremoto de San Juan de 1976 que não sentíamos algo assim”, dizem os moradores mais antigos das localidades de Campana e Pituil, no departamento de Famatina, em La Rioja, na Argentina, onde foi o epicentro do tremor de magnitude 5,9 na escala Richter.
Às 13h04, em um dia ensolarado e quente, os 2.200 habitantes da região ouviram um estrondo, uma “explosão” e, imediatamente, tiveram “a sensação de que tudo estava desabando”.
Segundo dados do Instituto Nacional de Prevenção Sísmica (Inpres), o tremor ocorreu a 117 quilômetros a noroeste da cidade de La Rioja, ao norte do departamento de Famatina. O mais intenso foi o terceiro, às 13h04, de uma série que começou às 12h47 e continuou às 12h54. O último também foi sentido com intensidade em Catamarca, Tucumán e Córdoba.
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Aos 85 anos, Rosa, moradora de Campanas, repete que “nunca mais, depois do que houve em San Juan”, sentiu algo parecido com um tremor. Daniel Olivera, de 42 anos, profundo conhecedor da região, afirma que “jamais viu algo assim na cadeia montanhosa”. Campanas fica junto à serra do Famatina.
“Começou um dia estranho, muito ensolarado, com uma temperatura incomum para esta época em Famatina – conta ele ao jornal La Nación. Estávamos preparando um cordeiro no fogo, no quintal, e ouvimos uma explosão. Não sabíamos o que estava acontecendo, olhamos para a montanha e vimos a poeira, vimos como começou a desmoronar.” Olivera foi quem gravou as primeiras imagens que viralizaram nas redes sociais.
Ele relata que ficaram surpresos e assustados, e que, em poucos minutos, os vizinhos começaram a enviar fotos de rebocos caídos e rachaduras nas paredes. “Depois, houve outras réplicas suaves, e na montanha a poeira continua se espalhando, dá para ver algumas mudanças de forma e cor.”
O último boletim da Defesa Civil informa que não há vítimas na zona do epicentro, mas confirma a ocorrência de “danos ambientais e possivelmente estruturais” no distrito de Campana, Pituil e nos arredores do departamento de Famatina. As diversas estradas da região estão “transitáveis com precaução”.
Adriana Olima, prefeita de Famatina, disse ao jornal que “não há pessoas feridas; uma mulher desmaiou, mas foi por causa do pânico. Os representantes de todas as localidades estão percorrendo as áreas para avaliar a situação e dar apoio aos mais assustados, pois fazia muito tempo que não se vivia algo assim.”
Ela mora em Campana e conta que estava cozinhando quando sentiu “um barulho impressionante. Pensei que fosse uma máquina pesada, um caminhão grande. Muito estranho para o dia. Depois, veio o movimento que parecia que o teto ia cair. Aqui todas as casas têm quintal, então saímos e vimos na serra a poeira e os desmoronamentos.”
Olima afirma que os maiores danos ocorreram no povoado de Santo Domingo, a cinco quilômetros de Campana, onde vivem cerca de 50 pessoas. “Casas de adobe abandonadas ou usadas como depósito foram danificadas e algumas desabaram totalmente. O mesmo aconteceu com igrejas antigas, que apresentam rachaduras e queda de reboco”, descreveu ao La Nación. Naquela área, não há energia elétrica devido à queda de instalações.
Ela destacou que há coordenação entre diferentes órgãos – Bombeiros, Polícia e Defesa Civil – e que não foram registrados problemas em prédios como postos de saúde e hospitais.
Provincias vizinhas
Em Córdoba, o tremor foi sentido com força. Em edifícios, o movimento foi claramente percebido, e rapidamente surgiram reações nas redes sociais. O mesmo ocorreu em San Miguel de Tucumán.
Em Catamarca, o abalo foi registrado com maior intensidade no Vale Central, em Chumbicha, Icaño, Recreo e Belén.

