Governador da Califórnia move ação de mais de R$ 4 milhões por difamação contra a emissora Fox News
A Fox News, por sua vez, qualificou o processo de uma "manobra publicitária"
O governador da Califórnia, Gavin Newsom, entrou com uma ação de US$ 787 milhões (cerca de R$ 4,3 bilhões na cotação atual) nesta sexta-feira contra a Fox News, acusando a emissora americana de distorcer informações sobre um telefonema entre ele e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, no começo deste mês.
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"Chega de mentiras", protestou no X o governador democrata, que lidera a oposição contra o governo do presidente republicano.
Newsom apresentou a ação em um tribunal de Delaware, onde a emissora está registrada. Segundo a ação, o governador afirma que a Fox News agiu com "malícia".
"Ao invés de deixar as coisas assim ou simplesmente informar os fatos, a Fox News escolheu difamar o governador Newsom, tachando-o de mentiroso", diz o documento. "Ao reconhecer que o presidente Trump não estava certo, mas mesmo assim querendo ganhar o favorecimento do presidente, a Fox News distorceu os fatos deliberadamente".
Segundo a ação, Newsom e Trump teriam conversado por telefone no início de junho, mas não abordaram a onda de protestos contra as operações migratórias promovidas pelo governo e que sacudiam Los Angeles na ocasião. No dia 7 de junho, poucas horas depois do telefonema, Trump ordenou o envio da Guarda Nacional para a cidade.
Em 10 de junho, quando enviou um contingente adicional de 700 fuzileiros navais, Trump disse que tinha conversado com Newsom "há um dia", declaração que o governador refutou nas redes sociais.
Jesse Watters, apresentador da Fox News, assegurou que o governador mentiu ao negar o telefonema. Outro jornalista da Fox, John Roberts, disse que o presidente lhe enviou seu registro de chamadas para provar que Newsom mentia, mas na captura de tela a informação era de um telefonema na madrugada de 7 de junho.
— 7 de junho à 1h23 não é "há um dia", quando você está falando em 10 de junho — destacaram os advogados de Newsom.
Além da compensação econômica de US$ 787 milhões, Newsom pediu que a corte proíba a emissora de televisão de reproduzir informações falsas sobre a conversa.
A cifra é quase idêntica à que a Fox e suas associadas aceitaram pagar em 2023 para encerrar um processo por difamação com a empresa de tecnologia eleitoral Dominion Voting Systems, depois que a rede afirmou que suas máquinas influenciaram no resultado das eleições presidenciais de 2020 em detrimento de Trump.
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"Se a Fox News quer mentir aos americanos em nome de Donald Trump, deveria enfrentar as consequências, assim como fez no caso da Dominion", disse Newsom em um comunicado.
Seus advogados enviaram uma carta à Fox News para informar a emissora que caso esta se retrate da informação transmitida e emita um pedido público de desculpas, Newsom desistiria da ação.
A Fox News, por sua vez, qualificou o processo de uma "manobra publicitária", em um comunicado enviado à AFP. A emissora acrescentou que a ação legal "é leviana e está desenhada para restringir a liberdade de expressão que o critica".