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Greve dos médicos reduz atendimentos nas unidades de saúde do Recife

Paralisação iniciou nesta quarta (20) e deve durar 72 horas. Categoria diz que adesão foi alta, enquanto Prefeitura afirma que serviço operou normalmente

Movimento na policlínica Lessa de Andrade durante paralisação dos médicosMovimento na policlínica Lessa de Andrade durante paralisação dos médicos - Foto: Arthur Mota/ Folha de Pernambuco

Médicos da rede pública do Recife iniciaram nesta quarta-feira (20) uma paralisação de 72 horas e, segundo a categoria, 90% dos 112 postos do programa Estratégia de Saúde da Família não funcionaram hoje. Os trabalhadores também afirmaram que não teve atendimento no serviço ambulatorial de 70% dos postos de saúde. Por outro lado, a Prefeitura afirmou todas as unidades da rede municipal operaram normalmente.

Por meio da Secretaria de Saúde do Recife, a gestão relatou que pacientes também foram acolhidos pelas equipes de enfermagem. Outros serviços, como consultas odontológicas, vacinação e exames, ocorreram normalmente.

De acordo com o diretor jurídico do Sindicato dos Médicos de Pernambuco (Simepe), Walber Steffano, funcionaram apenas os serviços de emergência e urgência e setores de vacinas dos postos de saúde. “O entra e sai nos postos pode ter sido causado porque os enfermeiros podem ter trabalhado, mas não houve atendimento médico”, disse.

A Secretaria de Saúde do Recife informou que os usuários que não receberam atendimento, devido à mobilização, serão informados de novo agendamento.

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Reivindicações
Em nota, a Prefeitura disse que a Secretaria de Planejamento, Administração e Gestão de Pessoas se colocou aberta à negociação com todos os servidores municipais desde fevereiro deste ano e, como quarta proposta, ofereceu abono salarial de R$ 600 para as jornadas de 8 horas, proporcional para as demais jornadas; reajuste de 16,13% no vale refeição, passando de R$ 15,50 por dia trabalhado, para R$ 18. Também ofereceu reajuste de 2%, condicionada à redução do custo da folha salarial do município para 48% da receita.

Para o diretor jurídico do Simepe, essa recomposição salarial é considerada pela categoria uma “provocação”. “Se [a Prefeitura] não entrar no limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal, não teremos aumento. É tudo condicionado. Nós estamos pedindo 6%, com ganho real de 1% por conta da inflação”, disse.

Segurança
Sobre a cobrança do Simepe por mais segurança nas unidades de saúde, a Secretaria informou que “tem mantido contato permanente com a Secretaria de Defesa Social de Pernambuco e a Secretaria Municipal de Segurança Urbana para discutir e reforçar as ações de fortalecimento da segurança nas unidades de saúde e no entorno delas, como a instalação de câmeras de videomonitoramento nas unidades de urgência”. “Não negamos o esforço que tem sido feito, mas faltam ações mais concretas”, rebateu Steffano.

Estrutura
Sobre a reclamação de estrutura deficiente das unidades de saúde, a Secretaria disse que, entre 2013 a 2016, foram requalificadas 112 unidades de saúde da Rede de Saúde Municipal, com investimento da ordem R$ 12 milhões. O órgão também informou que mais 24 unidades de saúde estão em processo de requalificação, com previsão de R$ 4,4 milhões de investimento.

O diretor relembrou que, em julho deste ano, uma fiscalização do Simepe na Vila dos Macacos, no Recife, exemplificou a precariedade do sistema municipal. Veja o vídeo. “A estrutura está muito aquém do que é preciso, e não só a estrutura. Temos problemas também com os plantões. A [Maternidade] Barros de Lima deveria ter três neonatologistas, mas só tem um. O [Hospital Infantil] Helena Moura também está com escala deficitária, e a Prefeitura não dá um sinal de concurso público”, alertou.



A Secretaria informou que, atualmente, a rede de saúde do Recife tem 1.149 médicos. Desde 2013, foram nomeados 747 médicos com a proposta de fortalecer o atendimento na Rede de Atenção, inclusive com a recomposição das escalas.

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