Gripe aviária é confirmada em 6 gatos que morreram após consumo de ração e leite crus
Casos foram registrados nos Estados Unidos, que vive surto sem precedentes do H5N1 entre vacas leiteiras e trabalhadores rurais
O Departamento de Saúde Pública do Condado de Los Angeles, nos Estados Unidos, confirmou que pelo menos seis gatos de estimação da região morreram de gripe aviária H5N1, e outros cinco ficaram doentes, depois de consumir ração crua destinada a animais ou leite cru.
Os casos foram registrados em quatro residências. Numa, cinco gatos tiveram uma doença aguda após o consumo de duas marcas de alimentos crus – quatro deles desenvolveram quadros graves, e dois morreram. Um deles testou positivo para o H5N1.
“Ambas as dietas de ração crua para animais de estimação foram testadas, e foi confirmado que uma das duas rações cruas, a Monarch Raw Pet Food, continha o vírus H5N1 vivo e infeccioso”, diz o departamento.
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Numa segunda casa, um gato também ficou doente após o consumo de alimentos do tipo. Ele foi testado e confirmado como infectado pela gripe aviária. “O teste da ração crua pela Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) está em andamento”, afirma a autoridade.
Nas outras duas residências, mais cinco gatos ficaram doentes, e os testes indicaram novamente a presença do vírus H5N1. Os animais haviam bebido leite cru que fazia parte de um lote recolhido pela empresa devido à contaminação pela gripe aviária. Todos morreram.
“Com as evidências científicas da ligação entre produtos crus contaminados e gatos que desenvolvem infecção grave ou fatal pela gripe aviária H5, o Departamento de Saúde Pública do Condado de Los Angeles (LAC DPH) recomenda que os veterinários aconselhem enfaticamente os donos de animais de estimação a não alimentá-los com rações cruas, carne crua, aves cruas e leite cru devido aos riscos associados à gripe aviária”, recomenda o departamento.
Esses não são os primeiros casos de felinos contaminados com o H5N1 – no final do ano passado, por exemplo, 20 grandes felinos, incluindo um meio-tigre-de-bengala e quatro pumas, morreram em um santuário no estado de Washington, também nos EUA, devido à doença.
Os riscos, no entanto, têm aumentado, para animais e humanos, devido à expansão do patógeno pelo mundo, em especial no país norte americano. Nos EUA, o H5N1 tem causado um surto sem precedentes entre vacas leiteiras e trabalhadores rurais.
O cenário levou Gavin Newsom, governador da Califórnia, onde fica Los Angeles, a decretar estado de emergência. Ele afirmou que objetivo é “garantir que as agências governamentais tenham os recursos e a flexibilidade necessários para responder rapidamente a esse surto”, embora tenha ponderado que o risco para a população geral “permanece baixo”.
A gripe aviária diz respeito a um conjunto de cepas do Influenza que circula principalmente entre aves. A cepa específica H5N1 surgiu ainda em 1996, com os primeiros surtos em animais e humanos no ano seguinte.
Desde 2021, novas mutações têm levado o H5N1 a se expandir entre aves e de forma inédita entre espécies de mamíferos, como leões-marinhos e vacas, além de para novas regiões do planeta, acendendo o alerta. No Brasil, por exemplo, foi identificado pela primeira vez em aves silvestres no ano passado.
Embora os casos humanos esporádicos aconteçam há um tempo, não há registro de disseminação entre pessoas. A possibilidade, porém, é o grande temor dos especialistas porque elevaria consideravelmente o risco de uma nova pandemia.
Isso porque segundo os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 2003 a 2023 foram registrados 878 casos humanos de H5N1, dos quais 458 morreram: uma taxa de letalidade de 52%.