Homem com depressão há 31 anos sente 'alegria avassaladora' após tratamento inovador; entenda
Além de depressão, ele também tem Transtorno do Estresse Pós-Traumático e ataques de pânico desde a infância
Um homem de 44 anos, cujo médicos o descreveram como um paciente que convive com depressão “prolongada sem períodos distintos de remissão por 31 anos”, alcançou o que pesquisadores descrevem como "remissão" dos seus sintomas após se submeter a um procedimento experimental de estimulação cerebral.
O nome do paciente não foi revelado. A equipe disse que além de depressão, ele também vive com Transtorno do Estresse Pós-Traumático e ataques de pânico desde a infância.
Ele também foi hospitalizado inúmeras vezes, experimentou 19 medicamentos diferentes e passou por terapia eletroconvulsiva (TEC) três vezes. Embora esse tratamento possa ser eficaz em alguns casos, neste paciente, infelizmente, ele apresentou comprometimento cognitivo.
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Por fim, os médicos revelaram que ele apresentou ideação suicida e tentou tirar a própria vida. Os pesquisadores, baseados principalmente na Universidade de Minnesota, descreveram o histórico do paciente como “notável”. Eles inscreveram o hmem em um estudo para avaliar, pela primeira vez, uma forma de estimulação cerebral minimamente invasiva chamada eletroestimulação cortical adaptativa personalizada (PACE).
Este é o único caso relatado até o momento, e os resultados ainda aguardam revisão por pares; mas, para uma condição em que as opções para os pacientes são severamente limitadas, o estudo oferece alguma esperança de novos caminhos a serem explorados.
Para o estudo, primeiro, foi realizado um processo chamado mapeamento funcional de precisão. Ele utiliza imagens de ressonância magnética funcional (RMF) para mapear a atividade cerebral específica do paciente para que a estimulação cerebral possa ser direcionada com mais eficácia.
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“A rede de saliência [do paciente] era altamente atípica”, escrevem os autores. Trata-se de um conjunto de regiões cerebrais extensivamente estudadas que desempenha um papel vital em nossa capacidade de identificar e prestar atenção a sinais importantes do nosso ambiente.
“Neste paciente, a rede de saliência foi expandida para cobrir 12,4% da área da superfície cortical, um aumento de quatro vezes em comparação com controles saudáveis”, continuaram os autores. Esse aumento já foi associado à depressão.
Munidos deste “mapa cerebral", a equipe pôde então realizar uma cirurgia para implantar quatro eletrodos nos locais ideais do cérebro do paciente — dois em cada hemisfério, nos limites onde a rede de saliência estava invadindo outras redes.
Assim que iniciou a estimulação, o resultado foi instantâneo. Nas próprias palavras do paciente, ele sentiu uma alegria avassaladora. "É uma sensação agradável. Tão estranha. É tão emocionante", relatou, desfazendo-se em lágrimas.
A estimulação de outros eletrodos levou a sentimentos de calma e relaxamento, enquanto outro padrão de estimulação induziu ansiedade no paciente, mostrando que nem todo resultado será positivo e a estimulação deve ser cuidadosamente adaptada para cada indivíduo.
Em sete semanas de tratamento, a ideação suicida do paciente havia desaparecido completamente. Após quatro meses, seu humor havia melhorado 59% nos testes padronizados. As melhorias foram mantidas por pelo menos 30 meses.
“O PACE proporcionou a ele o maior período de bem-estar que ele já havia experimentado em sua vida adulta. Na psiquiatria, não temos curas, mas isso é provavelmente o mais perto que podemos chegar”, disse Ziad Nahas, principal autor do estudo.
Os pesquisadores ressaltam que estes são resultados para um paciente apenas e que o estudo ainda não foi revisado por pares, porém, eles já estabeleceram a meta de conduzir um ensaio clínico duplo-cego maior no futuro.

