Sáb, 20 de Dezembro

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GAZA

Israel acusa Hamas de violar cessar-fogo ao não devolver novos corpos de reféns

Antes do anúncio israelense, o porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, disse à AFP que seu movimento estava "determinado a entregar os corpos assim que forem localizados"

Crianças palestinas comemoram quando membros do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) chegam a um local onde pessoas estão escavando com escavadeiras, supostamente em busca de corpos em Khan Yunis, no sul da Faixa de GazaCrianças palestinas comemoram quando membros do Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) chegam a um local onde pessoas estão escavando com escavadeiras, supostamente em busca de corpos em Khan Yunis, no sul da Faixa de Gaza - Foto: OMAR AL-QATTAA / AFP

Israel acusou o movimento islamista palestino Hamas, nesta terça-feira (28), de violar o acordo de cessar-fogo em vigor na Faixa de Gaza, após o grupo devolver os restos mortais de um refém cujo corpo já havia sido parcialmente recuperado pelo Exército israelense.

Na noite de segunda-feira, os militares israelenses anunciaram que a Cruz Vermelha havia recebido um caixão com os restos de um refém retido em Gaza, após o anúncio da ala militar do Hamas sobre a devolução do 16º corpo de uma das pessoas sequestradas em 7 de outubro.

Após análises de identificação, o gabinete do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, informou nesta terça-feira que os restos mortais não pertenciam a nenhum dos 13 reféns cujos corpos o Hamas ainda deve devolver a Israel, conforme o acordo de cessar-fogo em vigor desde 10 de outubro no território palestino.

Os restos "pertenciam ao refém Ofir Tzarfati", especificou o comunicado, indicando que uma parte de seu corpo já havia sido recuperada "durante uma operação militar há cerca de dois anos".

Tzarfati, de 27 anos, foi sequestrado em 7 de outubro de 2023 no festival de música Nova, durante o ataque sem precedentes do Hamas contra Israel que desencadeou a guerra em Gaza.

"Trata-se de uma violação flagrante do acordo de trégua", denunciou o gabinete de Netanyahu, referindo-se ao pacto negociado sob os auspícios do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e anunciou uma reunião de segurança para discutir "as medidas que Israel tomará em resposta a estas violações".

Segundo o acordo, o Hamas deveria entregar os corpos dos 28 sequestrados que ainda mantinha em 13 de outubro, mas devolveu apenas 15. O grupo libertou os 20 reféns vivos que ainda estavam detidos desde 7 de outubro, enquanto Israel soltou cerca de 2.000 prisioneiros palestinos.

Antes do anúncio israelense, o porta-voz do Hamas, Hazem Qassem, disse à AFP que seu movimento estava "determinado a entregar os corpos assim que forem localizados", alertando que, em um território devastado por dois anos de combates, recuperá-los é "complexo e difícil".

A Cruz Vermelha e uma equipe egípcia participam das operações de busca pelos cadáveres.

O Fórum de Famílias de Reféns e Desaparecidos, principal associação israelense que luta pelo retorno dos reféns, instou o governo a "agir com firmeza" contra o Hamas por suas "violações" do acordo de trégua.

Segundo a associação, parte dos restos mortais de Tzarfati foram repatriados no fim de 2023 e outros em março de 2024, antes de serem enterrados em Israel.

"É a terceira vez que temos que abrir a tumba de Ofir e enterrá-lo novamente", lamentaram seus familiares em um comunicado divulgado pelo Fórum.

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