Israel exige retratação de relatório apoiado pela ONU que declara fome em Gaza
Diretor-geral afirmou que o país compartilhará "evidências" de má conduta na elaboração do relatório
Israel exigirá a retratação de um relatório da Classificação Integrada de Segurança Alimentar (IPC), uma autoridade apoiada pela ONU, que declarou que há fome em Gaza, anunciou um funcionário do Ministério das Relações Exteriores nesta quarta-feira (27).
"Israel exige que a IPC se retrate imediatamente pelo seu relatório com informações falsas", disse o diretor-geral do Ministério das Relações Exteriores, Eden Bar Tal, a repórteres, denunciando a organização como "politizada".
Bar Tal afirmou que Israel compartilhará "evidências" de má conduta na elaboração do relatório com os colaboradores da IPC caso a organização não responda "em um curto prazo".
Leia também
• Turquia diz que Netanyahu fala de "genocídio armênio" para distrair sobre Gaza
• Exército israelense diz que evacuação da Cidade de Gaza é "inevitável"
• Trump organizará "grande reunião" sobre Gaza na quarta-feira (27)
Ele também chamou a IPC de um instituto "politizado" que "trabalha para uma organização terrorista perversa", referindo-se ao grupo islamista palestino Hamas, cujo ataque a Israel em 2023 desencadeou a guerra em curso na Faixa de Gaza.
A ONU declarou oficialmente estado de fome em Gaza na sexta-feira, culpando a "obstrução sistemática" da ajuda humanitária por Israel durante mais de 22 meses de guerra.
A IPC, sediada em Roma, afirmou que a fome afeta 500.000 pessoas na província de Gaza, que abrange cerca de um quinto do território palestino, incluindo a Cidade de Gaza.
A agência previu que a fome se espalharia para as províncias de Deir el-Balah e Khan Yunis até o final de setembro, cobrindo cerca de dois terços de Gaza.
Israel restringiu severamente a entrada de ajuda humanitária em Gaza e a cortou completamente em alguns momentos da guerra.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, chamou as conclusões da IPC de "mentira descarada", e o COGAT — a agência do Ministério da Defesa de Israel que supervisiona os assuntos civis nos territórios palestinos — disse que elas se baseavam em "dados parciais e fontes não confiáveis".
Jean-Martin Bauer, diretor de análise de segurança alimentar do Programa Mundial de Alimentos da ONU, defendeu a IPC, afirmando que é o "padrão de referência" para tais avaliações.

