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Israelenses protestam para marcar os 500 dias da guerra em Gaza e pedir libertação dos reféns

Familiares das vítimas marcharam da residência do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu até a sede do Parlamento em Jerusalém, e pediram ao público para que se juntasse a eles em um jejum

Parentes e simpatizantes de reféns mantidos em Gaza protestam em Jerusalém, Israel, no 500º dia da guerra Parentes e simpatizantes de reféns mantidos em Gaza protestam em Jerusalém, Israel, no 500º dia da guerra  - Foto: Menahem Kahana / AFP

Israelenses protestaram nesta segunda-feira para marcar os 500 dias desde o ataque do grupo terrorista palestino Hamas em 7 de outubro de 2023 e pedir a libertação dos reféns que ainda estão em Gaza.

Manifestações foram registradas de norte a sul do país, em cidades como Tel Aviv, Jerusalém e Haifa, ocasionalmente interrompendo o tráfego.

— O dia 500 não é diferente do resto dos dias que passamos e passaremos, e esperamos que esse pesadelo acabe logo — disse Maccabit Mayer, tia dos gêmeos Gali e Ziv Berman, sequestrados pelo Hamas, ao jornal israelense Haaretz.

Familiares das vítimas marcharam da residência do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu até a sede do Parlamento em Jerusalém, e pediram ao público para que se juntasse a eles em um jejum de 500 minutos, que começou às 11h40 (horário local) e terminará às 20h (15h em Brasília).

Em Haifa, no norte, as manifestações foram lideradas por movimentos de mulheres e de estudantes secundaristas. Um comício está previsto para esta noite na Praça dos Reféns, em Tel Aviv.

— O tempo está se esgotando e os reféns estão em perigo claro e presente a todo momento — declarou Esther Buchshtab, cujo filho Yagev Buchshtab foi morto no cativeiro do Hamas. — Nós, da família, continuaremos a lutar até o último refém. Não conseguimos lidar com nossa dor porque estamos lutando para devolver todos.

O acordo de cessar-fogo assinado em janeiro esteve em risco na última semana, em meio a ameaças de retaliação e acusações de descumprimento da medida.

Um plano de deslocamento forçado proposto pelos EUA também foi fortemente criticado, gerando um certo ceticismo sobre a possibilidade de se avançar na trégua, depois que o presidente Donald Trump apresentou uma ideia para "limpar" Gaza e enviar os mais de 2 milhões de palestinos do enclave para Egito e Jordânia.

Shay Dickmann, cujo primo Carmel Gat também foi morto em cativeiro, disse ao Haaretz que sua família vivenciou as consequências do colapso do primeiro acordo de reféns.

— Se a guerra recomeçar antes que o último refém retorne, será uma sentença de morte para os reféns restantes — afirmou nesta segunda-feira.

Udi Goren, primo de Tal Haimi, que foi morto em 7 de outubro e cujo corpo ainda é mantido pelo Hamas em Gaza, fez um apelo à comunidade internacional:

— Estamos vendo o sofrimento dos palestinos em Gaza. A única maneira de acabar com o sofrimento, não apenas das famílias dos reféns, mas também dos residentes de Gaza, é devolver todos os reféns — disse ele. — Essa é a chave para a reconstrução e a cura.

O acordo de cessar-fogo assinado em janeiro, com mediação de Catar, Egito e EUA, estipula uma trégua inicial de 42 dias, durante a qual o Hamas libertará pelo menos 33 reféns em troca de mais de 1.900 presos palestinos.

A segunda fase deve permitir o retorno de todos os reféns e o fim definitivo da guerra, mas sua implementação é incerta porque as negociações ainda não começaram. A terceira e última fase será dedicada à reconstrução da Faixa de Gaza, para a qual a ONU estima que serão necessários mais de US$ 53 bilhões.

De acordo com o rabino Avidan Freedman, que tem participado ativamente das manifestações pelo retorno dos reféns em Jerusalém, a maioria dos israelenses apoia a continuidade do cessar-fogo e do acordo de troca de reféns.

— Para entender o grau de desconexão entre as pessoas que deveriam ser servidores públicos e o público, temos pessoas que estão em greve de fome há centenas de dias e ninguém, apenas alguns membros da oposição, veio, sentou-se conosco e falou conosco — afirmou ao Haaretz, nesta segunda. — Não deveria ser o caso de o governo, durante todo esse tempo, ser capaz de ignorar um consenso tão amplo, mas temos que entender que é nossa responsabilidade tornar impossível ignorá-lo.

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