Jato chinês C919,que almeja ser rival de Boeing e Airbus, realiza primeiro voo com passageiros
Aeronave decolou às 10h32 (hora local) deste domingo do aeroporto de Xangai e pousou com segurança em Pequim, aproximadamente 40 minutos antes do previsto
O avião chinês C919 concluiu seu primeiro voo com passageiros neste domingo, quase seis meses depois de ser entregue à China Eastern Airlines Corp. O C919 é o primeiro jato de grande porte fabricado fora dos EUA e da Europa que almeja concorrer com as aeronaves da Boeing e da Airbus.
O voo MU9191 decolou de Xangai às 10h32 (horário local e 23h32 hora de Brasília), informou a China Eastern em sua conta no Weibo. O avião transportava 128 passageiros e pousou com segurança em Pequim, aproximadamente 40 minutos antes do previsto, às 12h30, horário local (01h30 em Brasília), disse o canal de televisão estatal CCTV.
O voo "foi muito tranquilo, confortável e memorável. Acho que vou me lembrar dele por muito tempo", disse um passageiro a bordo do avião à CCTV após o pouso.
Antes da decolagem, a mídia estatal mostrou dezenas de passageiros reunidos ao sol no terminal de Xangai para admirar o imponente avião. Os passageiros receberam cartões de embarque vermelhos e desfrutaram de uma "refeição temática" para comemorar o voo, informou a CCTV.
A estreia comercial marca uma longa jornada para a estatal Commercial Aircraft Corp of China, a Comac, como é mais conhecida. A fabricante começou a desenvolver o avião de passageiros de fuselagem estreita em 2008 e a produção começou no fim de 2011. Mas somente em setembro de 2022 que o C919 recebeu a certificação oficial para voar, marcando o longo fim dos testes de voo e abrindo caminho para a Comac iniciar as entregas das aeronaves.
A China Eastern foi a primeira empresa aérea a encomendar os C919, com um pedido para cinco aeronaves. Após a entrega do primeiro jato em dezembro, foi realizado um período de atividades de voo quase diário para atender a um requisito de 100 horas de voos de prova. Mas de 7 de fevereiro a 17 de maio, o C919 da China Eastern não chegou a voar regularmente por 104 dias, mostram dados do FlightRadar24.
A China está tentando interromper o domínio da Boeing e da Airbus na fabricação de aviões comerciais. Tanto a família A320neo da Airbus quanto os jatos 737 Max da Boeing têm uma carteira de pedidos cheia até o fim da década, o que significa que qualquer transportadora que queira jatos de fuselagem estreita mais cedo pode precisar encontrar uma alternativa.
A Comac recebeu mais de 1.000 pedidos para o C919, embora a maioria não esteja confirmada e muitos sejam de arrendadores de aeronaves chineses que ainda não colocaram o jato em uma companhia aérea.
Dúvidas permanecem sobre a capacidade da Comac de atender a esses pedidos. O fabricante chinês também depende de fornecedores estrangeiros, incluindo General Electric, Honeywell International e, para os motores, a CFM International, um empreendimento entre a GE e a francesa Safran SA.
A China Eastern, com sede em Xangai, uma das maiores operadoras do país, disse em sua teleconferência na semana passada que planeja incorporar em sua frota todos os cinco C919 encomendados à Comac ainda em 2023.
O C919 permanece certificado apenas para voar na China, enquanto a certificação europeia continua em andamento. Cada C919 custa cerca de US$ 99 milhões, antes dos descontos habituais para as companhias aéreas.

