Justiça mantém prisão de PM suspeito de participar de assassinato de advogado no Centro do Rio
Outros dois suspeitos de participação no crime deverão ser submetidos a audiência de custódia nos próximos dias
O policial militar Leandro Machado da Silva, suspeito de participar da morte do advogado Rodrigo Marinho Crespo, assassinado a tiros no Centro do Rio no último dia 26, teve a legalidade da prisão temporária confirmada, nesta terça-feira, durante uma audiência de custódia realizada em Benfica, na Zona Norte do Rio.
A informação foi confirmada pelo advogado Diogo Macruz, que defende o militar e acompanhou a audiência. O PM havia sido preso após se apresentar, nesta terça-feira, à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Ainda no domingo, ele teve a temporária decretada por um juiz do plantão judiciário. Leandro Machado vai ficar detido à disposição das autoridades judiciárias no Batalhão Especial Prisional ( Bepe) da PM.
Outros dois suspeitos de participação no crime, Eduardo Sobreira Moraes e Cezar Daniel Mondego de Souza, serão transferidos da DHC para o sistema penitenciário ainda nesta quarta-feira. A previsão é que os dois sejam submetidos a audiência de custódia entre quinta a sexta-feira. De acordo com a polícia, Cezar e Eduardo são suspeitos de monitorar a vítima ao menos três dias antes da execução e também na data em que o assassinato ocorreu.
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Para seguir o advogado no percurso feito da casa onde ele morava, na Lagoa, Zona Sul do Rio, até o escritório, no Centro, a dupla usou um Gol branco. A DHC já sabe que dois carros, entre eles um veículo clonado, foi usado para seguir os passos de Rodrigo Crespo.
Já Leandro Machado foi, segundo aponta a investigação, o responsável por coordenar toda a logística do crime, como encontrar os dois carros usados para monitoramento e para a execução. O PM já foi investigado e preso por homicídio, em 2020, e por suspeita de integrar grupo paramilitar com atuação em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. Em 2023, ele acabou sendo impronunciado pela Justiça e não será submetido ao julgamento pelo crime até que surjam novas provas.
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Na investigação sobre a morte do advogado, o PM também é apontado como segurança de Vinícius Drumond, filho do contraventor Luizinho Drummond, já falecido. Em nota, a defesa de Drumond afirma que “nunca, jamais, em tempo algum manteve vínculo, seja profissional ou pessoal”. O advogado Carlos Lube disse ainda que “não consegue vislumbrar qualquer possível relação (de seu cliente) com o advogado Rodrigo” e que “rechaça veementemente qualquer suposição de possível ligação com o brutal assassinato da vítima”. Por fim, acrescenta que “a defesa técnica ainda não tomou conhecimento da íntegra dos autos, mas Vinicius Drumond está à disposição para colaborar com a investigação”.
De acordo com as investigações da DHC, pelo menos dois carros, ambos do modelo Gol de cor branca, participaram da emboscada contra o advogado. Um dos veículos foi apreendido no município de Maricá, na Região dos Lagos, no último sábado.
No último 26, o advogado foi executado com 18 tiros na Avenida Marechal Câmara, no Centro do Rio. O autor do assassinato estava encapuzado e desceu de um Gol branco, e em seguida, fez disparos de pistola contra a vítima. Após a execução, ele retornou ao carro, onde era aguardado pelo motorista. O veículo deixou o local rapidamente.
Testemunhas ouvidas na investigação relataram em depoimentos que o advogado estudava trabalhar para clientes vinculados com jogos de cassino on-line. A polícia tenta saber se isso está ou não relacionado com o assassinato.
Responsável pela defesa do PM, o advogado Diogo Macruz disse que seu cliente não tem relação com a morte do advogado. Ele alegou que o militar apenas sublocou um dos carros usados no monitoramento da vítima.
—Ele sublocava os carros que ele alugava. Ele não tinha domínio do que as pessoas que alugavam esses carros faziam. Meu cliente não a menor ideia do que aconteceu e não está envolvido neste crime — disse.

