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RIO DE JANEIRO

Ladrões levam busto de bronze em homenagem à ex-primeira-dama Sarah Kubitschek em praça do RJ

Ladrões deixaram apenas a parte da obra em formato de ondas do mar, feita em material sem valor comercial no mercado clandestino de metais

Dois momentos: a estátua em sua forma original (à esquerda) e o que restou da obra (à direita) Dois momentos: a estátua em sua forma original (à esquerda) e o que restou da obra (à direita)  - Foto: Reprodução

A lista de esculturas vandalizadas, mutiladas e furtadas na cidade do Rio de Janeiro é grande. E aumentou esta semana. Frequentadores da Praça Sarah Kubitschek, em Copacabana, tiveram uma triste surpresa na manhã de sexta-feira. O busto de bronze em homenagem a Dona Sarah, ex-primeira-dama do Brasil, esposa do ex-presidente Juscelino Kubitschek, que dá nome à praça, desapareceu.

No lugar, os ladrões deixaram apenas a parte da obra em formato de ondas do mar, feita em resimármore — mistura de resina e pó de mármore, sem valor comercial no mercado clandestino de metais — verde, que servia de base para o busto.

— Lamentável! A praça é cercada e movimentada. Nunca imaginei que poderia acontecer isto. Tempos de violência! — disse a artista plástica Mazeredo, autora da peça furtada e de dezenas de obras que fazem parte da paisagem carioca como a Vitória, na Praça do Lido, ali mesmo em Copacabana e a Paz, na Praça Nossa Senhora da Paz, em Ipanema.

— Como Dona Sarah adorava Copacabana, criei ondas em resimármore verde em sua homenagem. A obra foi encomendada pela Associação que cuidava da praça — lembra Mazeredo.
 

A obra que retrata Dona Sarah Kubitschek figura agora no rol de esculturas que foram alvo de ladrões e vândalos na cidade do Rio. Ali estão o Noel Rosa de Vila Isabel, que teve um braço e uma perna arrancados; o Tom Jobim, do Arpoador, cujo violão foi danificado; o Renato Russo, da Ilha do Governador, e o Carlos Drummond de Andrade, da avenida Atlântica, que perderam os óculos. No caso do poeta mineiro, não uma, mas 13 vezes desde 2002.

Na Glória, a ousadia dos ladrões chegou ao seu ponto máximo: pesando 400 quilos, a estátua de Dona Rosa Paulina da Fonseca, mãe do Marechal Deodoro da Fonseca, simplesmente sumiu da noite para o dia.

Em nota, a secretaria municipal de Conservação (Seconserva) informou estar ciente do furto e que entrará em contato com a autora da obra, “para avaliar as condições para a reprodução da peça”. Ao Globo, Mazeredo afirmou que a confecção de outra peça igual à furtada é possível.

Para Tony Teixeira, presidente da Associação de Moradores de Copacabana (Amacopa), o furto da estátua deve chamar a atenção das autoridades para a necessidade de retirar os muros que cercam a praça.

— Depois que colocaram muros, há 25 anos, a praça deixou de ser frequentada pelos moradores, e se retornou local de usuários de drogas, traficantes, assaltantes e até mictório público — disse.

Segundo ele, a Amacopa já entregou à prefeitura abaixo-assinado com mais de 2,5 mil assinaturas pedindo a retirada dos muros e a realocação do painel em homenagem ao frescobol, do artista Millôr Fernandes.

— A praça precisa estar aberta, para uso dos idosos e de todos nós. Quem roubou o busto de Dona Sarah fez isso escondido dos olhos da polícia por causa do muro. O painel do Millôr pode ir para a lateral da Escola Dr. Cocio Barcellos, na Av. Nossa Senhora de Copacabana, ou pro Museu de Imagem e do Som, que será inaugura na avenida Atlântica por exemplo — acredita Teixeira.

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