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RIO DE JANEIRO

Lixo sem fronteiras: resíduos da China, Argentina e Etiópia são encontrados nas praias do RJ

Mutirão do Instituto Estadual do Ambiente, em parceria com a ONG Somos Natureza, retira 242 kg de lixo em reserva ecológica

Mutirão de Limpeza encontra plásticos que podem ser ingeridos por tartarugas e aves marinhas Mutirão de Limpeza encontra plásticos que podem ser ingeridos por tartarugas e aves marinhas  - Foto: Divulgação/Inea

Elas viajaram milhares de quilômetros boiando no oceano: garrafas da China, embalagens da Argentina e até lixo da Etiópia foram parar nas praias da Ilha Grande. O rastro de poluição internacional foi encontrado durante um mutirão de limpeza que recolheu 242 quilos de resíduos em quatro dias.

A ação foi organizada pelo Instituto Estadual do Ambiente (Inea), em parceria com a ONG Somos Natureza, e mobilizou turistas de diferentes nacionalidades, entre eles voluntários da Espanha, Argentina, Islândia e também de São Paulo. Eles percorreram trechos da Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul, em Angra dos Reis, área reconhecida como Patrimônio Mundial da UNESCO e considerada uma das mais preservadas do estado do Rio.

Entre os resíduos recolhidos estavam materiais de alto risco ambiental, como plásticos — que podem ser ingeridos por tartarugas e aves marinhas, provocando sufocamento e até a morte — e fragmentos de vidro, que podem levar mais de 4 mil anos para se decompor no ambiente. Todo o lixo foi separado e encaminhado para cooperativas de reciclagem da região.

 

— Não temos como controlar o que chega ao nosso litoral vindo de outros países, mas atuamos diretamente na coleta e destinação desses resíduos. É gratificante ver visitantes estrangeiros engajados na nossa missão de conservação — afirmou o secretário estadual do Ambiente e Sustentabilidade, Bernardo Rossi.

Além da coleta, os participantes tiveram contato com as ações desenvolvidas pelo Inea nas unidades de conservação e trocaram experiências sobre os desafios ambientais enfrentados em seus países. A iniciativa faz parte de uma parceria recente entre o instituto e a ONG, que prevê mutirões mensais nas praias da Ilha Grande.


Criada em 1981, a Reserva Biológica Estadual da Praia do Sul ocupa 3.309 hectares e é a única do estado a reunir todos os ecossistemas litorâneos. A visitação recreativa é proibida: só são permitidas atividades de pesquisa científica e de educação ambiental.

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