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ÍNDIA

Mais de 290 mortos em queda de avião da Indian Air, diz polícia

Boeing 7878 Dreamliner seguia com destino a Londres, no Reino Unido

Queda do avião da Indian Air deixou mais de 290 mortos Queda do avião da Indian Air deixou mais de 290 mortos  - Foto: Sam Panthaky/AFP

Mais de 290 pessoas morreram após um avião da Air India com 242 pessoas a bordo — 169 cidadãos indianos, 53 britânicos, sete portugueses, um canadense e 12 tripulantes — cair em uma área habitada próxima ao Aeroporto Internacional Sardar Vallabhbhai Patel, em Ahmedabad, no estado de Gujarat, no oeste da Índia, informaram fontes policiais na noite (tarde em Brasília) desta quinta-feira (12).

O voo AI171, operado por um Boeing 787-8 Dreamliner, que deveria seguir viagem até Londres, perdeu altitude logo após decolar, chocando-se contra um conjunto de prédios. Segundo autoridades locais, apenas um passageiro do avião foi identificado como sobrevivente até o momento.

— Ao menos 294 pessoas morreram. Isso inclui alguns estudantes, pois o avião caiu no edifício onde eles estavam — disse Vidhi Chaudhary, chefe da polícia estadual de Gujarat, em entrevista a Reuters.

De acordo com a Federação da Associação Médica de Toda a Índia (Faima, na sigla em inglês), há cinco estudantes de medicina de um alojamento da faculdade B.J. Medical College desaparecidos, enquanto entre 50 e 60 foram levados ao hospital, incluindo dois que estão na UTI.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Ainda segundo a Faima, há parentes de alguns médicos também desaparecidos. Em uma declaração à imprensa, a reitora da faculdade, Minakshi Parikh, disse que o avião atingiu uma parte do prédio que era usada como refeitório, havendo entre 60 e 80 pessoas no local no momento do impacto.

O mais seriamente atingido pela aeronave, o prédio foi tomado pelas chamas devido à colisão. Imagens mostram uma coluna de fumaça preta saindo do local do impacto e equipes de resgate tentando controlar o fogo e socorrer vítimas.

O Boeing 7878 Dreamliner, da companhia aérea decolou às 13h39 (5h09 em Brasília) com destino ao Aeroporto Gatwick, de Londres.

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Dados de rastreamento do ADS-B (Automatic Dependent Surveillance–Broadcast) apontam que a aeronave atingiu uma altitude barométrica máxima de aproximadamente 190 metros — pouco acima da elevação do próprio aeroporto, que é de cerca de 61 metros — antes de começar uma descida abrupta com velocidade vertical de aproximadamente 145 metros por minuto.

Ahmedabad é a maior cidade do estado indiano de Gujarat, com uma população de oito milhões de habitantes. O aeroporto está localizado em meio a áreas residenciais densamente povoadas.

Em um rede social, o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, afirmou que o acidente aéreo era "de partir o coração, indescritível". Ele escreveu: "Neste momento triste, meus pensamentos estão com todos os afetados."

Em Londres, onde os passageiros deveriam desembarcar, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, afirmou que as imagens do acidente eram "devastadoras" e que seus pensamentos estavam com passageiros e familiares. O rei Charles III disse que ele e a rainha Camilla estavam "profundamente chocados".

"Nossas orações especiais e a mais profunda solidariedade estão com as famílias e amigos de todos os afetados por este incidente trágico e terrível em tantas nações, enquanto aguardam notícias de seus entes queridos", escreveu o monarca em um comunicado. "Gostaria de prestar uma homenagem especial aos esforços heroicos dos serviços de emergência e a todos aqueles que prestam ajuda e apoio neste momento tão doloroso e traumático".

A tripulação emitiu um chamado de emergência ("Mayday") à torre de controle aéreo (ATC) imediatamente após a decolagem, segundo informou a Direção Geral de Aviação Civil da Índia (DGCA, na sigla em inglês). Após o chamado inicial, porém, os controladores não conseguiram mais estabelecer contato com a aeronave, que não respondeu às comunicações subsequentes do ATC.

O silêncio abrupto da tripulação após o alerta reforça o caráter crítico da situação enfrentada no voo. A ausência de comunicação após o MAYDAY é considerada uma das situações mais graves em aviação civil e será um ponto central da investigação conduzida pelas autoridades indianas.

A Índia sofreu uma série de desastres aéreos, incluindo um em 1996, quando dois aviões colidiram em pleno voo sobre a capital, Nova Délhi, deixando quase 350 mortos. Em 2010, um avião da Air India Express caiu e pegou fogo no Aeroporto de Mangalore, no sudoeste da Índia, matando 158 dos 166 passageiros e tripulantes a bordo.

Avião moderno e confiável
O modelo envolvido no acidente é o Boeing 787-8 Dreamliner, uma das aeronaves mais modernas da frota da Air India. Com capacidade para até 250 passageiros em configuração de duas classes, o 787-8 é conhecido por sua eficiência energética, conforto aprimorado e alcance intercontinental. Ele entrou em operação comercial em 2011 e faz parte de uma família de jatos que inclui também os modelos 787-9 e 787-10.

Entre seus diferenciais, o Dreamliner conta com janelas maiores com escurecimento eletrônico, sistema de pressurização mais confortável para os passageiros, menor consumo de combustível e fuselagem construída em materiais compostos, como fibra de carbono. A Air India opera atualmente uma frota significativa de Dreamliners, principalmente em suas rotas internacionais de longa distância.

Aeronaves do mesmo modelo já apresentaram problemas operacionais com passageiros a bordo em ocasiões anteriores, resultando em feridos, mas até então não havia registro de fatalidades.

Contudo, a Administração Federal de Aviação (FAA) dos EUA abriu uma investigação em abril de 2024, após um engenheiro da empresa americana afirmar que partes da fuselagem do 787 Dreamliner estavam fixadas incorretamente e poderiam se romper em pleno voo após uso. A empresa disse que reúne informações sobre o acidente na Índia.

A Boeing enfrenta uma saga jurídica de anos por causa de dois acidentes com o avião 737 Max em 2018 e 2019, que mataram 346 pessoas. A empresa chegou a um acordo com o Departamento de Justiça dos EUA no mês passado, que a isentaria de assumir responsabilidade criminal pelos acidentes, mas o acordo depende da autorização de um juiz, e foi contestada por famílias das vítimas.

Investigações em curso
Equipes do Escritório de Investigação de Acidentes Aéreos da Índia (AAIB) já foram enviadas para o local do acidente e iniciarão a análise dos destroços e das caixas-pretas nas próximas horas. A Boeing também deverá participar das investigações, conforme os protocolos internacionais, especialmente por se tratar de uma aeronave fabricada nos Estados Unidos.

Enquanto isso, familiares dos passageiros se concentram em áreas de apoio montadas no aeroporto de Ahmedabad, aguardando ansiosamente por informações. O governo indiano declarou que todos os esforços estão sendo feitos para garantir suporte psicológico e logístico às vítimas e familiares.

Em nota oficial, a Air India confirmou que o voo AI171, que fazia a rota Ahmedabad–Londres Gatwick, esteve envolvido em um incidente nesta quarta-feira, 12 de junho de 2025. “Neste momento, estamos apurando os detalhes e compartilharemos novas atualizações o mais breve possível”, informou a companhia aérea.

O Aeroporto de Londres Gatwick também se manifestou por meio de comunicado: “Podemos confirmar que o voo AI171, que caiu ao decolar do Aeroporto de Ahmedabad hoje, deveria pousar em Londres Gatwick às 18h25.”

O Grupo Tata, proprietário da Air India, expressou pesar diante do ocorrido. N. Chandrasekaran, presidente do conselho da empresa, declarou: “Com profundo pesar, confirmo que o voo 171 da Air India, operando na rota Ahmedabad–Londres Gatwick, se envolveu em um trágico acidente hoje. Nossos pensamentos e mais profundas condolências estão com as famílias e entes queridos de todos os afetados por este evento devastador.”

Segundo Chandrasekaran, o foco da companhia neste momento é prestar suporte às vítimas e seus familiares. “Estamos fazendo tudo o que podemos para auxiliar as equipes de emergência no local e fornecer todo o apoio e cuidado necessários aos afetados. Mais atualizações serão compartilhadas à medida que recebermos informações mais precisas”, afirmou. A Air India ativou um centro de emergência e uma equipe especial foi destacada para atender familiares em busca de informações.

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