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Marcelle Sultanum extrai dicas de quatro livros que ensinam a manter o foco

Diagnosticada com TDAH, a empresária explica como identificar e controlar os sabotadores mentais; ela é uma das entrevistadas do Livro Sucesso

Marcelle Sultanum, empresáriaMarcelle Sultanum, empresária - Foto: Divulgação

A empresária Marcelle Sultanum é a convidada desta quarta-feira (8) da coluna Sucesso, uma parceria do Portal FolhaPE com o Sucesso.site, de Felipe, Camila e Eduarda Haeckel.

"Há alguns anos eu fui diagnosticada através do meu filho (que também tem) com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Algumas coisas realmente passaram a ter sentido pra mim. Não que isso tenha me limitado, pelo contrário, na vida adulta tirei muito proveito do distúrbio.

Porém, trabalhando desde os 17, assumindo a empresa aos 20, desenvolvendo fórmulas, marcas, fabricando produtos e os distribuindo, além de ser mãe de dois, ser esposa e tentar ser dona de casa… Às vezes sinto que não consigo fazer nada bem feito (pelo menos não como eu gostaria). Isso se tornou um gatilho para uma busca por mais foco e organização mental.

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Recentemente fui comprar um livro na Amazon e acabei comprando quatro. Acontece que o algoritmo indica livros semelhantes ao que você está procurando (maldito algoritmo do consumismo!). Comprei:

Inteligência Positiva (Shirzad Chamine)
A mente organizada (Daniel Levitin)
Foco (Daniel Goleman, autor de inteligência emocional)
Descubra seus pontos fortes (Marcus Buckingham e Donald O.Clifton)

Capas de livros sobre foco



Quando os livros chegaram comecei pelo primeiro que tinha escolhido: Inteligência Positiva, de Shirzad Chamine. O livro fala sobre mecanismos que desenvolvemos na infância, para sobreviver emocionalmente, que na vida adulta se transformam em sabotadores.

Bom, eu já havia feito o teste com a minha coach pelo site e tomei consciência do quanto controladora e hiper realizadora eu havia me tornado. O livro fala de pequenas ações possíveis, eu chamaria até de jogos mentais, para tentar colocar os sabotadores sob controle.

Os sabotadores são “conjuntos de padrões mentais automáticos e habituais, cada um com sua própria voz, crença e suposições que trabalham contra o que é melhor para você.” Meu Deus, como se não bastasse o mundo de coisas que temos para administrar, é necessário administrar também essas “vozes internas”! Quando comecei a ler quase desistia. Me determinei a ir até o final e segui em frente.

Quais deles você tem? Você consegue se identificar?

1 – O CRÍTICO – principal sabotador pelo potencial destrutivo que carrega. Confundido como a voz da razão. Este inimigo da mente faz com que o indivíduo encontre defeitos excessivos em si mesmo, nos outros e nas situações, gerando ansiedade, estresse e culpa. Com equilíbrio, porém, a autocrítica pode ser bem positiva e gerar crescimento pessoal. O segredo está em saber balancear e não aceitar a mentira que ele conta para nós: que você não pode viver sem ele pois, caso contrário, você ou outros se transformariam em seres preguiçosos e sem ambição.

2 – O INSISTENTE – Induz a necessidade de perfeição e de ordem às últimas consequências. Provoca ansiedade e nervosismo. Busca persuadir a mente de que a perfeição é necessária. Como isso não costuma ser verdade, o efeito provocado é o de frustração constante, consigo mesmo e com os outros. Saber a hora de parar de insistir se torna, neste ponto, tão importante quanto a decisão de começar.

3 – O PRESTATIVO – Faz a pessoa correr atrás de aceitação e de elogios dos outros. O que faz com que perca de vista as próprias necessidades e se chateie com os outros. Este inimigo faz parecer que ganhar afeição é sempre uma coisa boa, mesmo que a qualquer preço.

4 – O HIPER-REALIZADOR – a pessoa diz para si que só é digna de valor e de respeito se tiver desempenho excelente e realizações constantes. Costuma ser o grande alimentador do vício em trabalho, como se necessidades emocionais e relacionamentos fossem menos importantes. Quem aí nunca se sentiu um workaholic antes? Será que vale a pena?

5 – A VÍTIMA – Para ganhar atenção e afeto, este inimigo da mente incentiva reações temperamentais e emotivas em qualquer situação adversa. Oposto ao hiper-realizador, valoriza os sentimentos ao extremo e cria uma sensação de martírio que faz minar as energias mentais e emocionais.

6 – O HIPER-RACIONAL – Por foco na racionalidade acima de tudo, inclusive nos relacionamentos, é a função deste sabotador da mente. Ele alimenta uma impaciência às emoções alheias e faz com que elas sejam vistas como indignas de consideração. Quando intenso, ele limita os relacionamentos no tocante à flexibilidade e profundidade; e a pessoa é vista como fria, distante ou intelectualmente arrogante.

7 – O HIPERVIGILANTE – o sentimento que este sabotador desperta em quem o deixa falar alto é a ansiedade intensa em relação aos perigos que o cercam e que tudo vai dar errado. O estado de alerta constante gera uma grande carga de estresse que cansa não só o próprio indivíduo, mas também quem está perto. Será que a vigilância sem trégua é a melhor forma de evitar que situações ruins aconteçam?

8 – O INQUIETO – Permanentemente na procura por emoções maiores e, por isso, atrapalha o sentimento de paz e de alegria que poderia ser sentido no presente, caso o indivíduo prestasse mais atenção nele. Perder o foco e a apreciação pelo que está acontecendo agora é a grande ameaça para quem se deixa levar por ele. Manter-se ocupado, lembra o autor, nem sempre quer dizer uma vida intensa.

9 – O CONTROLADOR – Comandar, dirigir ações e controlar situações é a maior necessidade deste perfil sabotador. Ele pode até conseguir resultados em curto prazo de uma equipe de pessoas, mas no futuro gera um ressentimento nos outros que atrapalha as relações e impede que o grupo exerça sua capacidade plena.

10 – O ESQUIVO – Concentrar-se só nos aspectos positivos e prazerosos de uma situação faz com que este sabotador incentive a mente a adiar soluções e evitar conflitos, por mais que eles sejam necessários. O problema é que, comumente, o resultado de um comportamento baseado nisso é a explosão de conflitos sufocados que foram deixados de lado.

Calma!!! Você, com certeza, pode ter mais de dois, mas o autor recomenda que você trabalhe apenas dois inicialmente. Como?

1 - Dê nome aos seus “amigos” sabotadores. Toda vez que eles aparecerem na sua mente revele a presença deles. No caso dos meus coloquei Rabugento e General (no começo me senti meio ridícula). Toda vez que um padrão de crítica surge, eu penso: "Meu rabugento está pensando que…" Dessa forma eu começo a fazer uma separação entre mim e os meus sabotadores.

2 - Os sabotadores surgem mais fortes em situações de pequenos descontroles emocionais. Por isso o autor sugere, sempre que o problema aparecer, você criar um padrão mental de tentar encontrar 3 maneiras de transformar o problema em dádiva. Dessa forma, você explora o problema de várias outras maneiras evitando ficar bloqueado emocionalmente com o primeiro pensamento que lhe vêm à mente.

3 - Exercícios para controle emocional. Confesso a vocês que me senti meio de novo ridícula nesse momento (meu Rabugento sempre foi forte, principalmente quando se trata de autocrítica) . O autor propõe exercícios de atenção plena, pelo menos cem por dia! Não acreditaria que funcionaria se eu não houvesse livro os quatro livros. Pasmem! Todos falam sobre atenção plena! (que é tudo que um TDAH tem dificuldade em manter). Muitos dos livros que eu li são de neurocientistas de universidades conceituadas dos EUA como MIT, Stanford… Então, amigos leitores, atenção plena é a bola da vez… E poderia hoje escrever uma coluna inteira só sobre isso.

4 - Use o seu sábio. Ao contrário dos sabotadores, o modo sábio é aquele que se distancia do problema de forma a tratá-lo e solucioná-lo sem maiores envolvimentos emocionais com ele. O autor cita algumas técnicas como: empatia, exploração a fundo do problema, perguntas que ajudam a criar soluções inovadoras, alinhamento das soluções encontradas com seus propósitos e, por fim, criação de mecanismos para evitar que os seus sabotadores comecem a atuar quando você começar a executar essas soluções.

Bom, com a mente aberta, pude aplicar um pouco disso no meu dia-a-dia e com certeza tem me ajudado a tomar decisões melhores.

Falando em decisões, vocês sabem, em média, quantas decisões tomamos por dia? Vocês sabiam que o tão famoso multitarefas (tão arraigado em nós, mulheres, que fazemos mil coisas ao mesmo tempo) pode diminuir seu QI em até 10 pontos? E pior, comprometer sua habilidade para pensar claramente mais do que fumar maconha? Mas isso é assunto pra outro livro! Espero que vocês possam também praticar um pouco mais de inteligência positiva na vida de vocês. E aí quais são seus maiores sabotadores?

Lista de melhores livros que li:

O poder do hábito (Charles Duhigg)
As armas da persuasão (Robert Cialdini)
Sua melhor versão te leva além (Bel Pesce)
A bíblia

 

Livros recomendados por Marcelle

 

Filmes que recomendo sobre emprendedorismo:

Walt antes do Mickey - conta a história do gênio e toda sua perseverança e resiliência antes de alcançar a fama

Coco antes de chanel - Se vamos falar de empreendedorismo feminino como deixa-la de lado? Uma mulher determinada, persuasiva e persistente! começou de baixo e chegou onde chegou!

O Sr. Estagiário - Uma típica mulher multi tarefas da geração Y topa com um aposentado procurando ocupação. A troca é linda e maravilhosa, merece ser assistido!

Joy: O nome do sucesso - Conta a saga de uma empreendedora e todas as mazelas envolvidas para alcançar o sucesso tendo que enfrentar muitos problemas típicos femininos.

Jobs - impossível não se contagiar com a paixão inovadora de Steve Jobs

* Marcelle é empresária, diretora presidente da Rishon Cosméticos. É administradora de empresas pela Universidade de Pernambuco e possui MBA em Marketing pela Fundação Getúlio Vargas. Assumiu o controle da indústria aos 20 anos de idade, com o falecimento do seu pai e fundador Jacques Sultanum. Membro do conselho do Lide Mulher Pernambuco, realizou diversos cursos e seminários na área de empreendedorismo e inovação dentre eles o seminário internacional no Harvard Club organizado durante a NRF pela BTR Varese.

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