Morre José Pimentel, aos 84 anos
O ator e diretor pernambucano estava internado desde a quarta-feira (8)
Faleceu, na manhã desta terça-feira (14), aos 84 anos, o ator e diretor José Pimentel. Ele estava internado, na UTI do Hospital Esperança, por complicações de um enfisema pulmonar. Por mais de vinte anos, Pimentel viveu o Cristo, na Paixão de Cristo do Recife, além de ter sido o Jesus de Nova Jerusalém, em Fazenda Nova, de 78 até 96. Na edição deste ano, do espetáculo no Recife, foi a primeira vez que ele não interpretou o papel principal, porém esteve na produção.
Nas redes sociais, a filha de Pimentel, lamentou a morte do pai: "Gente, meu painho, o meu amor da minha vida, acaba de nos deixar. Ele agora está com Deus", informou. Os detalhes sobre o velório e sepultamento ainda não foram definidos pela família. O ator deixa esposa, a filha Lilian, uma neta e um bisneto.
O jornalista Cleodon Coelho, responsável pela biografia de Pimentel, lançada em janeiro deste ano, também lamentou a morte do ator: "Para as últimas gerações, José Pimentel era lembrado apenas como o ator que não abria mão de viver Jesus Cristo, ainda que já estivesse na casa dos 80. Mas sua importância para a cena pernambucana vai muito além. Desde sua estreia, nos anos 1950, ele acompanhou o desenvolvimento do teatro brasileiro, seja integrando o elenco original de "O Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, que foi seu professor de português na adolescência, ou trabalhando com grandes nomes como o encenador Hermilo Borba Filho. Também fez teleteatros nos anos 1960 e atuou em filmes como os cultuados "A Noite do Espantalho", de Sérgio Ricardo, e "Faustão", de Eduardo Coutinho. Foi ator, autor, diretor, iluminador, cenógrafo, sonoplasta, crítico, professor, ... Difícil pensar em alguma função que ele não tenha desempenhado. Sem dúvida, um dos maiores nomes das artes pernambucanas. Pimentel sai de cena no mesmo mês em que nasceu. O mesmo agosto que levou, há poucos dias, Antônio Cadengue. Duas perdas irreparáveis para os nossos palcos", disse.
TRAJETÓRIA
Nascido em Garanhuns, desde a década de 1950, encenou, dirigiu e escreveu diferentes espetáculos teatrais. Com a saída do ator Carlos Reis, em 1978, da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém, interpretou o papel do filho de Deus pela primeira vez. Desentendimentos com os produtores de Nova Jerusalém fizerem Pimentel deixar o espetáculo em 1996, mas não o papel. No ano seguinte, estreou a Paixão de Cristo do Recife, que começou no Estádio do Arruda, sendo transferido para o Marco Zero em 2001.
O espetáculo de Páscoa, no entanto, não é a única obra de destaque no currículo de Pimentel. Junto ao Teatro Adolescente do Recife (TAR), em 1956, ele integrou o elenco da primeira montagem de "O auto da compadecida", de Ariano Suassuna, que obteve reconhecimento nacional. Como diretor e dramaturgo, produziu muitas peças sobre personagens e acontecimentos históricos, como "A batalha dos Guararapes", "O calvário de Frei Caneca" e "O massacre de Angico - A morte de Lampião", seu último trabalho realizado.
A televisão também esteve na trajetória deste pernambucano. Ele esteve no elenco de "A moça do sobrado grande", telenovela de sucesso produzida pela TV Jornal, em 1967, e que chegou a ser exibida em São Paulo.



