Sáb, 06 de Dezembro

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Mineração

MPF pede anulação de licença para mineração de lítio em área quilombola em Minas

Ministério Público aponta que empresa ignorou direitos da Comunidade Quilombola Baú

 Ministério Público Federal (MPF) Ministério Público Federal (MPF)  - Foto: Divulgação/MPF

O Ministério Público Federal (MPF) questiona a legalidade do licenciamento ambiental concedido à mineradora Lithium Ionic, responsável pelo Projeto Bandeira, voltado à exploração de lítio no Vale do Jequitinhonha, em Minas Gerais. A empresa canadense é acusada de burlar exigências legais e ignorar a existência de território quilombola demarcado.

De acordo com ofício enviado à Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad) e à Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), o projeto atinge área da Comunidade Quilombola Baú.

O território foi oficialmente reconhecido em novembro de 2023, quando o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) publicou o Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) no Diário Oficial da União — antes da formalização do licenciamento.

O MPF afirma que a Feam tinha ciência da situação ao emitir a licença e que o parecer da fundação reconhece possíveis impactos sobre comunidades como Baú, Barreiro e Fazenda Velha, entre eles poeira, ruído, degradação ambiental e riscos à saúde.

Consulta 
Segundo o Ministério Público, a ausência da Consulta Livre, Prévia e Informada (CLPI) — prevista na Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) e na Portaria Interministerial nº 60/2015 — compromete a legalidade do processo. “A empresa sabia da existência do RTID publicado e, mesmo assim, seguiu adiante. Isso compromete a legalidade do licenciamento”, afirma o documento.

O MPF pede a suspensão imediata da licença e a realização da CLPI com os moradores da Comunidade Quilombola Baú, que, conforme o órgão, têm direito às garantias previstas pela legislação nacional e internacional.

Caso a denúncia avance, o Projeto Bandeira poderá ser suspenso, atrasando os planos de expansão da empresa no Brasil. Outra preocupação das autoridades é a outorga para captação de água do rio Piauí, essencial para as operações da mineradora. Especialistas alertam que o uso intensivo do recurso pode causar estresse hídrico na região, colocando em risco a viabilidade do projeto.

 

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