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Noronha terá placas com alerta de tubarão

Equipamentos serão instalados até o fim do ano. Decisão foi tomada após monitoramento de tubarões-tigre mostrar que os animais circulam por todas as praias da ilha

Tubarões em NoronhaTubarões em Noronha - Foto: Museu do Tubarão / Cortesia

Um modelo de placa alertando para a presença de tubarões da espécie tigre (Galeocerdo cuvier) nas águas do arquipélago de Fernando de Noronha está sendo discutido pelo Instituto Chico Mendes da Biodiversidade (ICMBio). O órgão federal responsável por gerir o Parque Nacional Marinho, onde estão inseridas as diversas praias da ilha, quer implantá-las até o fim do ano, quando o lugar recebe um maior número de turistas - foram 90 mil só em 2016.

A decisão veio após as autoridades do ICMBio terem acesso a dados inéditos, descobertos por meio de um monitoramento feito com a espécie, um projeto da UFRPE com a colaboração do Museu do Tubarão. Após um ano de pesquisa, os primeiros resultados serão divulgados nesta quinta-feira (26), às 16h, durante palestra no auditório do Tamar, em Fernando de Noronha.

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Desde 2016, estão sendo monitorados 40 animais - sendo 20 deles por meio de transmissores via satélite inseridos na dorsal do tubarão. Os demais são acompanhados por transmissores acústicos colocados dentro da barriga, através de cirurgia. Entre as descobertas sobre a espécie, listada entre as mais agressivas do mundo, constatou-se que, ao contrário do que ocorre no Recife, os tubarões-tigre não utilizam o arquipélago de Fernando de Noronha apenas como um lugar de passagem. De comportamento migratório, muitos deles têm permanecido nas praias da ilha devido ao amplo banquete de tartarugas, raias e golfinhos, pratos preferidos desse animal. Apesar de estarem presentes em todas as praias, ressalta Afonso, a que se destacou com uma maior presença do animal foi a baía do Sancho. “Só alguns migraram para a África do Sul e Brasil continental, mas a maioria permanece na ilha”, afirma o biólogo marinho da UFRPE André Afonso, um dos estudiosos à frente do projeto.

Embora o ICMBio não tenha ainda um protótipo de placa, o gestor do Núcleo de Gestão Itegrada do ICMBio em Fernando de Noronha (NGI/ICMBio), Felipe Mendonça, adiantou que, a princípio, as placas não serão semelhantes às das praias da Região Metropolitana do Recife. “Sentaremos na próxima semana com os pesquisadores para, juntos, pensarmos um leiaute. Também faremos um levantamento dos casos registrados no hospital da ilha. Até lá, permanecem as recomendações já estabelecidas, como evitar objetos brilhantes e mergulhar sempre em grupo”, adianta, relembrando que, desde o incidente envolvendo um turista de São Paulo na baía do Sueste, a praia só está aberta para mergulho entre 9h e 16h.

Comportamento
De acordo com o biólogo marinho, notou-se que as aparições ocorrem durante o dia, mas são mais frequentes à noite - quando os tubarões-tigre ficam mais ativos. “Não sabemos o porquê, mas possivelmente isso ocorre porque a visibilidade diminui, o que aumenta as chances de atacarem de surpresa”, acredita. Além disso, observou Afonso, eles estão mais próximos da zona costeira do arquipélago, entre 500 e 800 metros da faixa de areia. “Só nossos receptores captaram mais de 14 mil sinais acústicos, um número expressivo se comparado com os que detectamos no Recife, que foram apenas 40 entre 2008 e 2014”, contextualiza o estudioso.

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