Novas espécies de esponja marinha são encontradas em Noronha
Sete dos 12 tipos recém-descobertos no litoral nordestino estão em águas pernambucanas
Doze novas espécies de esponja do mar, recém-descobertas para a ciência, foram encontradas em litoral nordestino, sendo sete delas nos arquipélagos de São Pedro e São Paulo e de Fernando de Noronha, ambos em Pernambuco. As espécies, da classe calcária (que possui estruturas esqueléticas de carbonato de cálcio, daí o nome), pertencem a três gêneros diferentes, sendo eles o Borojevia, Clathrina e Ernstia. Diferenciados uns dos outros pela composição do esqueleto, cores e morfologia, todos os indivíduos encontrados (61 ao todo) eram bastante pequenos, chegando a ter comprimento menor que três centímetros (inferior a uma moeda de R$ 1). Os detalhes dessa pesquisa, que contou com apoio financeiro da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza, foram publicados em artigo recente na revista científica Zootaxa.
Entre as esponjas descobertas no fundo das águas de Fernando de Noronha, a Ernstia solaris chama a atenção pela sua cor amarelada a verde limão. Corpo frágil e formada por tubos finos e entrelaçados, ela foi coletada num jardim de algas, ambiente sombreado que não sofre a interferência da luz solar (ver foto). Já no arquipélago de São Pedro e São Paulo, outra espécie achada foi a Ernstia sanctipauli. De cor branca e consistência frágil, ela foi achada numa pequena gruta submersa a 10 metros de profundidade. Todas as amostras foram depositadas na coleção do Laboratório de Biologia de Porifera (LaBiPor), da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Líder da pesquisa, a bióloga e pesquisadora da UFRJ Fernanda Azevedo salienta que as ilhas oceânicas brasileiras ainda não tiveram suas biotas completamente investigadas e descritas, tornando-se um desafio a mais para a pesquisa acadêmica em unidades de conservação no ambiente marinho. “Por isso que a descrição de 12 espécies novas para a ciência representa uma importante tarefa dos taxonomistas, ao terem acesso à diversidade ainda desconhecida, poder identificar, classificar, nomear e contribuir para a preservação das espécies. Além disso, reconhecer quais espécies são nativas ou invasoras também é importante para conservar a biodiversidade.”
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Diante dos achados feitos no litoral nordestino, destaca a pesquisadora, a região entra como um rico acervo de espécies marinhas potencialmente novas para a ciência. “Elas foram coletadas em perfeito estado de conservação. Mas, como muitas dessas espécies são raras na natureza (poucos indivíduos) e endêmicas (somente encontrada naquela localidade), pequenas e frágeis, qualquer desequilíbrio ambiental poderia levá-las a um estado crítico de conservação”, alerta, adiantando mais uma surpresa da natureza: “Além das doze espécies encontradas, outras cinco serão publicadas em artigo científico no primeiro semestre de 2018. Uma delas, inclusive, foi encontrada em Fernando de Noronha. O nome não posso dizer, apenas que é do gênero Ernstia”.

