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Nunes convida Campos Neto para secretaria da Fazenda de SP, mas presidente do BC recusa oferta

Economista tem planos de trabalhar em projeto fora do país ainda no primeiro semestre de 2025

O presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos NetoO presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto - Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/Agência Brasil

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), convidou o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que está de saída do cargo, para ser secretário da Fazenda na largada de seu segundo mandato, em janeiro. O economista, contudo, recusou o convite. O posto hoje é ocupado por um nome técnico, o servidor de carreira Luis Felipe Vidal Arellano.

O secretário de Governo, Edson Aparecido (MDB), afirmou ao GLOBO que Campos Neto tem projeto para trabalhar fora do país ainda no primeiro semestre deste ano:

— Ele agradeceu muito a lembrança e o convite, disse que seria uma honra estar à frente da Fazenda da maior cidade da América Latina, mas ele já tem um projeto — relatou o auxiliar direto do prefeito.

Recriação da pasta de Planejamento, 'núcleo duro' do MDB e espaço para o PL: o que muda no novo secretariado de Nunes

Procurado por meio de sua assessoria, o presidente do BC ainda não confirmou a informação.

Neste sábado (28), Nunes confirmou, nas redes sociais, a permanência de Arellano na pasta da Fazenda. Ele não citou o convite a Campos Neto e disse que o seu atual secretário tem um "currículo excepcional".

Nunes também surpreendeu com o anúncio do vereador Rodrigo Goulart (PSD) para o comando da Secretaria do Trabalho e Desenvolvimento Econômico, contemplando o partido de Gilberto Kassab. A indicação de Goulart era incerta porque o governo andava às turras com o primeiro suplente do partido, Carlos Bezerra Júnior (PSD), que se ausentou em uma votação importante na Câmara neste final de ano. A nomeação abre espaço para ele retomar o cargo na próxima legislatura. Outro nome confirmado foi o de Gilmar Miranda na secretaria de Mobilidade e Trânsito, o que pode reduzir a influência do vereador Milton Leite (União Brasil) na área.

Campos Neto de saída do BC

Indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e criticado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) por manter a Selic, taxa básica de juros, em patamares elevados para conter a inflação, Campos Neto deixa o comando do Banco Central oficialmente no próximo dia 31 de dezembro. O posto será assumido pelo atual diretor de política monetária, Gabriel Galípolo.

Em sua última live como presidente do BC, no dia 20 de dezembro, Campos Neto afirmou que o processo de autonomia da autoridade financeira foi um ganho de sua gestão, mas ainda não está concluído. Segundo ele, a medida é necessária para colocar "a instituição à frente das pessoas, da ideologia, dos governos e do tempo político".

A autonomia operacional do Banco Central é uma condição que está prevista na Lei Complementar nº. 179, de 2021. A instituição foi desvinculada do Ministério da Economia, tornando-se uma autarquia de natureza especial, e concedeu aos presidentes quatro anos no cargo, de modo que só podem ser trocados no meio de um mandato presidencial, como ocorre agora com o governo Lula.

A Selic está hoje em 12,25% ao ano e passa por uma nova trajetória de alta nos últimos meses. Já a previsão do Banco Central é que a inflação encerre o ano em 4,89%, no acumulado de 12 meses, acima da meta de 3% estipulada pelo Conselho Monetário Nacional e também do teto de 4,5%.

Secretariado do prefeito

A poucos dias da posse, marcada para 1º de janeiro, o prefeito paulistano já definiu a maioria dos secretários para iniciar o seu segundo mandato em São Paulo. O emedebista tenta conciliar seus próprios interesses com os dos partidos que integraram a coligação eleitoral em outubro — caso do PL, que tem o vice. Em algumas pastas-chave, os secretários serão os mesmos do atual mandato, enquanto outras áreas abrigam prefeitos do Grande ABC que encerram a gestão em dezembro.

Na Saúde, o secretário Luiz Carlos Zamarco vai permanecer no cargo, assim como o secretário de Governo, Edson Aparecido. Já o chefe da Casa Civil, Fabrício Cobra, segue para a Secretaria de Subprefeituras, enquanto Enrique Misasi, atual secretário executivo de Relações Institucionais, assumirá a Casa Civil. Esse é o núcleo duro de Nunes, e tanto Aparecido como Misasi são do MDB.

O cenário era incerto na Educação, pasta em que Fernando Padula está sob avaliação: o prefeito não descarta mantê-lo no cargo, mas estuda nomes. Os resultados da pasta vêm sendo avaliados com lupa, já que Nunes tem como compromisso, no próximo mandato, melhorar os índices da rede municipal, sobretudo a nota do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). A prefeitura anunciou recentemente que ele continua no cargo.

O vice-prefeito eleito, coronel Mello Araújo (PL), será secretário executivo de Projetos Estratégicos, um braço da Secretaria de Governo. O espaço do PL de Jair Bolsonaro no futuro governo, aliás, é motivo de imbróglio: o partido pleiteava a pasta da Educação, mas Nunes ofereceu a Secretaria do Verde e Meio Ambiente, que recebeu a indicação do atual prefeito de Suzano, Rodrigo Ashiuchi (PL).

Nesta sexta, Nunes definiu como novo secretário de Esportes o prefeito de Osasco, Rogério Lins (Podemos), e como chefe da pasta de Segurança Urbana o atual prefeito de São Bernardo do Campo, Orlando Morando, ex-tucano e atualmente sem partido. Foram anunciados ainda o economista Celso Caldeira como chefe da Secretaria dos Transportes e a professora Angela Gandra, filha do jurista Ives Gandra Martins, para a pasta de Relações Internacionais.

Veja os nomes

Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Trabalho - Rodrigo Goulart (PSD)

Secretaria de Transportes - Celso Caldeira

Secretaria de Esportes e Lazer - Rogério Lins (Podemos), prefeito de Osasco

Secretaria de Segurança Urbana - Orlando Morando (sem partido), prefeito de São Bernardo do Campo

Secretaria de Cultura e Economia Criativa - Totó Parente

Secretaria de Comunicação - Fábio Portela

Secretaria da Justiça - Eunice Prudente (atual secretária de Desenvolvimento Econômico e Trabalho)

Secretaria dos Direitos Humanos - Regina Santana (atual secretária de Cultura)

Secretaria de Subprefeituras - Fabrício Cobra (atual secretário da Casa Civil)

Secretaria da Casa Civil - Enrico Misasi (MDB, atual secretário de Relações Institucionais)

Secretaria de Planejamento e Eficiência - Clodoaldo Pelissioni (atual secretário-adjunto de Governo)

Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social - Eliana Gomes

Secretaria de Mobilidade e Trânsito - Gilmar Miranda (mantido)

Secretaria da Fazenda - Luis Felipe Vidal Arellano (mantido)

Secretaria de Urbanismo e Licenciamento - Elisabete França (mantida)

Secretaria de Educação - Fernando Padula (mantido)

Secretaria de Governo - Edson Aparecido (MDB, mantido)

Secretaria de Gestão - Marcela Arruda (mantida)

Secretaria de Infraestrutura e Obras - Marcos Monteiro (mantido)

Secretaria da Saúde - Luiz Carlos Zamarco (mantido)

Secretaria da Pessoa com Deficiência - Silvia Grecco (mantida)

Procuradoria-Geral do Município - Luciana Sant’Ana Nardi (mantida)

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