Sáb, 20 de Dezembro

Logo Folha de Pernambuco
Rio de Janeiro

O que é 'dark room'? Entenda como funciona local onde estrangeira relata ter sido vítima de estupro

No "X" (antigo Twitter), outra jovem relatou ter sofrido assédio no mesmo local: "as pessoas se acham no direito de tentarem fazer o que quiserem contigo só porque está escuro"

Boate Portal ClubBoate Portal Club - Foto: Reprodução/Youtube/Pheebo

Na última terça-feira, uma turista sul-americana, de 25 anos, denunciou ter sido vítima de um estupro coletivo em um "Dark Room", na boate Portal Club, localizada na Rua do Lavradio, na Lapa. Em um relato feito por carta, ela descreve que não tinha conhecimento do que era esse espaço e supôs que estava indo para outra pista de dança do estabelecimento. Depois que o caso se tornou público, outras histórias de abusos surgiram relacionadas ao cômodo da boate. Entenda como ele funciona.

O que é um Dark Room?
O "Dark Room", que em tradução literal significa quarto escuro, é um ambiente instalado em boates ou festas para pessoas que buscam um local discreto para praticar atividades sexuais. Geralmente, ele possui pouca ou nenhuma iluminação para preservar a identidade dos frequentadores.

Os locais que optam por ter um quarto assim costumam estipular regras aos seus frequentadores para garantir segurança e privacidade. A principal delas é que tudo no espaço deve acontecer consensualmente. Na carta, a turista conta que não existe esse tipo de local no país dela e que não entendeu o que estava acontecendo quando foi até lá:

"O segurança disse que me viu entrando naquele quarto escuro com um homem por minha própria vontade. Eu disse a ele que realmente não sabia o que estava acontecendo porque isso realmente não existe no meu país. Pensei que era outra pista de dança. Ele fez um gesto como se não pudesse fazer nada com isso. Comecei a me desesperar novamente. Se a segurança do local não conseguia me ajudar e entender o que estava acontecendo, como a polícia iria fazer?", diz ela em outro trecho da carta.

Na boate Portal Club, o local fica no segundo andar. O acesso é feito por um corredor localizado ao lado de um bar. No fim do corredor, apenas uma cortina delimita o cômodo.

No "X" (antigo Twitter), uma jovem relatou já ter sofrido assédio no mesmo local. Ela disse que as pessoas "se acham no direito de tentarem fazer o que quiserem contigo só porque está escuro".

"Tentam te assediar a qualquer custo e são várias mãos de uma só vez", escreveu ela.

Outra vítima
Após a repercussão do caso da turista, outra mulher procurou a Comissão da Mulher da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) para denunciar um estupro coletivo na mesma boate, em novembro do ano passado. Segundo a deputada Renata Souza (Psol), a vítima a procurou diretamente pelas redes sociais.

— É uma situação muito semelhante. Ela conta que foi para a boate assistir ao show de um amigo e começou a passar mal repentinamente. Ela disse que a essa é última coisa que se lembra. Depois, ela acordou no Dark Room, despida e com dois homens, também despidos. Ela se desesperou na hora sem entender o que aconteceu — conta Renata.

De acordo com Renata, a mulher percebeu que fora estuprada após ir ao banheiro e que a todo momento os seguranças a fizeram crer que ela entrou no quarto escuro por livre vontade.

Em nota divulgada nas redes sociais, a Portal Club disse que está comprometido com a investigação e que deseja que os responsáveis sejam "devidamente punidos". Veja na íntegra:

Diante dos graves acontecimentos relatados, a casa deseja deixar claro publicamente que repudia veementemente e nunca irá apoiar qualquer forma de intolerância, opressão ou violência contra as mulheres.

Assim que tomamos conhecimento do incidente, a casa prontamente acolheu a vítima e se colocou à disposição das autoridades para que os fatos sejam imediatamente investigados e esclarecidos. Além disso, fornecemos as imagens e áudio do circuito de segurança aos responsáveis pela investigação, onde será provado todo o apoio que prestamos à vítima, juntamente com os dados dos clientes presentes no dia, que tenham colocado o nome na lista ou comprado ingresso antecipadamente.

Estamos comprometidos com a busca pela verdade e desejamos que os responsáveis sejam devidamente punidos.

Como uma casa LGBTQIA+, estamos e estaremos sempre empenhados em lutar pelos direitos das minorias e das mulheres. Estamos e sempre estaremos aqui para oferecer todo o apoio e colaboração possível.

Veja também

Newsletter