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'Oops, não haverá ataque dos houthis': Trump divulga vídeo de suposto bombardeio americano ao Iêmen

Presidente americano afirma que milicianos foram bombardeados quando recebiam instruções; bombardeios ao país árabe estão no centro de polêmica no governo

O presidente dos EUA, Donald TrumpO presidente dos EUA, Donald Trump - Foto: Saul Loeb / AFP

O presidente dos EUA, Donald Trump, publicou na noite desta sexta-feira um vídeo do que seria um bombardeio contra posições da milícia houthi no Iêmen. As imagens, cuja data de gravação não foi revelada, foram divulgadas em meio a um escândalo no governo envolvendo justamente um ataque contra o país árabe.

O vídeo, que aparenta ter sido gravado com um drone militar, mostra um grupo reunido em local não identificado. Segundos depois, há uma grande explosão, e a câmera revela uma grande cratera, sem que seja possível identificar possíveis vítimas ou danos aos veículos próximos. Não foi possível confirmar a autenticidade do vídeo de forma independente.

“Esses houthis se reuniram para instruções sobre um ataque. Oops, não haverá ataque dos houthis!”, escreveu Trump em suas redes sociais X e Truth Social, onde divulgou as imagens. “Eles nunca mais afundarão nossos navios!”

Nas últimas semanas, os EUA intensificaram os ataques contra posições da milícia, aliada do Irã e responsável pelo lançamento de mísseis e drones contra Israel, além de ações contra os navios que trafegam pelo Estreito de Áden, na entrada do Mar Vermelho. Segundo o grupo, que controla parte do território iemenita, os ataques são em solidariedade ao grupo terrorista Hamas, que trava um violento conflito na Faixa de Gaza — os houthis ainda afirmam que suspenderão os ataques caso haja um cessar-fogo no enclave, e reconheceram um número considerável de baixas nas últimas semanas.

Na quarta-feira, o governo americano anunciou que enviará ao Oriente Médio um segundo porta-aviões, o USS Carl Vinson, como forma de apoiar a ofensiva contra os houthis e para fortalecer as posições americanas diante do aumento das tensões com o Irã.

Um desses ataques, em meados de março, serviu de pano de fundo para uma das maiores crises internas do governo Trump. Em reportagem publicada na revista The Atlantic, o jornalista Jeffrey Goldberg, desafeto do presidente, disse ter sido incluído por engano em um grupo no aplicativo de mensagens Signal destinado a discutir os detalhes de um bombardeio contra posições dos houthis.

Além de Goldberg, o grupo tinha membros do primeiro escalão do governo, como o Conselheiro de Segurança Nacional, Michael Waltz, responsável por inadvertidamente incluir o jornalista, o secretário de Defesa, Pete Hegseth, e o vice-presidente J.D. Vance. Ali foram mostradas informações sigilosas sobre a ação, ocorrida no dia 15 de março, incluindo os armamentos que seriam utilizados, além dos alvos previstos em solo.

Inicialmente, as autoridades tentaram negar o relato, mas posteriormente corroboraram o que foi publicado pela The Atlantic, embora negassem que as informações apresentadas fossem sigilosas. Na quinta-feira, o inspetor-geral do Pentágono anunciou a abertura de uma investigação sobre o incidente.

“O objetivo desta avaliação é determinar até que ponto o Secretário de Defesa e outros funcionários do DoD cumpriram com as políticas e procedimentos do Departamento de Defesa para o uso de um aplicativo de mensagens comerciais para negócios oficiais”, escreveu Steven Stebbins, o inspetor-geral interino do Pentágono, em comunicado. “Além disso, revisaremos a conformidade com os requisitos de classificação e retenção de registros.”

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