Ter, 23 de Dezembro

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OPINIÃO

A ascensão e a decadência do PT

A ascensão e a decadência do PT no Brasil refletem um ciclo político comum a todas as grandes forças que, em determinado momento da história, pareciam inabaláveis. Quando fui deputado estadual em 1990, testemunhei um marco na política pernambucana: pela primeira vez, o PT elegeu dois deputados estaduais, João Paulo e Humberto Costa. O partido era uma força em ascensão, movido pelo discurso de mudança e pela figura carismática de Luiz Inácio Lula da Silva.

Lula sempre foi o PT. Seu magnetismo político e sua capacidade de se comunicar com as massas garantiram ao partido um longo período de protagonismo. No entanto, a política é dinâmica, e nenhum líder é eterno. O grande erro de Lula foi não preparar sucessores que pudessem manter o PT forte após sua saída da cena política. Hoje, Lula já não representa a força do PT no Brasil. Seu discurso envelheceu, e sua popularidade está em queda. A história mostra que todos os ciclos políticos têm um começo, um auge e um fim. Desde Agamenon Magalhães Magalhães até Eduardo Campos, Pernambuco viveu diferentes lideranças, cada uma com seu momento de glória e declínio.

O PT está fadigado. O partido perdeu seu propósito e sobrevive apenas pela máquina pública e pelos programas assistencialistas que criou. No Nordeste, onde sempre teve sua base mais fiel, o desgaste já é visível. A aprovação de Lula caiu de 40% para 20%, um sinal claro de que o povo percebeu que o assistencialismo não trouxe progresso real. Em vez de investir na capacitação e no desenvolvimento econômico, o PT criou uma  Somália no Nordeste, onde muitas famílias veem o Bolsa Família como uma espécie de aposentadoria. O resultado? Uma cultura de dependência que desestimula o trabalho e a produção.

Há mais de 50 anos, quando cheguei ao sertão, a realidade era outra. Vi 40 caminhões de algodão saindo por mês para as fábricas de fiação em Limoeiro. Havia uma economia pulsante. Aqui tinha fábrica de doces, Produzia até cachaça O agave oi o sisal eram cultivados em larga escala, mas ninguém sabia que dali poderia surgir a tequila, um produto de alto valor no mercado. No passado, o sertão chegou a ter 11 mil hectares de cana-de-açúcar, suficiente para uma produção robusta de álcool. Mas, assim como hoje, os governos de então jamais deram a devida atenção ao sertão e ao Pajéu, minha terra, que conheço como as linhas da palma da minha mão.

O futuro exige mudanças. O Brasil precisa de uma nova fase de investimentos, especialmente no Nordeste. É preciso romper com a política assistencialista do PT e estimular o trabalho, o empreendedorismo e a educação de qualidade. O sertanejo não pode ser condenado à dependência de programas sociais aposentados e funcionários públicos  Ele precisa de oportunidades reais para crescer e prosperar. A política do PT chegou ao fim. Agora, cabe a novas lideranças construir um futuro melhor para Pernambuco e para o Brasil.

*Médico, empresário, escritor.
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